Nesta quinta-feira, 17 de abril de 2025, o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-diretor-adjunto, Alessandro Moretti, irão depor na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília. Os dois são investigados por supostas atividades de espionagem ilegal e obstrução de investigações relacionadas à chamada "Abin paralela".
O termo "Abin paralela" refere-se a um esquema investigado desde 2023 que envolvia o uso da Abin para monitorar autoridades, jornalistas e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo as investigações, foram realizados 33 mil acessos não autorizados a redes de telefonia através do software israelense FirstMile, adquirido em 2018.
A Polícia Federal busca esclarecer a possível obstrução das investigações por parte da gestão de Corrêa, bem como a atuação de Moretti, demitido em janeiro de 2024. Há indícios de que Moretti teria atuado em conluio com os investigados. Além disso, agentes relataram que o Brasil teria realizado um ataque hacker ao Paraguai em 2022, visando obter dados sigilosos sobre a Usina de Itaipu.
Durante os depoimentos, Corrêa e Moretti serão indagados sobre:
A PF projeta encerrar o inquérito até o final de abril, com a elaboração de um relatório que poderá indiciar os envolvidos por crimes como invasão de dispositivos e interceptação ilegal.
O caso traz à tona nomes relacionados a Jair Bolsonaro, como o deputado Alexandre Ramagem e o vereador Carlos Bolsonaro, ambos investigados por suspeitas de articulação para atentar contra o sistema eleitoral. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, já impediu o compartilhamento de provas com a corregedoria da Abin, alertando para potenciais interferências nas investigações.
Em nota, Corrêa se colocou à disposição para esclarecer "decisões tomadas em gestão anterior". O governo Lula, por sua vez, negou o uso da Abin para espionagem internacional e informou que operações irregulares foram interrompidas em maio de 2023.