A Figure AI, desenvolvedora de robótica humanóide, tomou uma medida drástica ao enviar cartas de cessação e desistência a corretores de mercados secundários. A iniciativa visa combater tentativas de comercialização não autorizada de suas ações em meio a rumores de uma rodada de investimento que pode alcançar US$ 1,5 bilhão, elevando sua avaliação a impressionantes US$ 39,5 bilhões, 15 vezes mais do que a avaliação de fevereiro de 2024.
As notificações foram direcionadas a plataformas que lidam com negociações de ações privadas, conforme confirmado por fontes à TechCrunch e BitcoinWorld. O movimento ocorre em um momento de intensa especulação sobre o valor da empresa, especialmente após declarações do fundador, Brett Adcock, que descreveu suas ações como "as mais cobiçadas do mercado privado".
O salto de valuation de US$ 2,6 bilhões para US$ 39,5 bilhões em apenas 14 meses reflete o crescente interesse no setor de IA e robótica humanóide. Segundo dados do setor, as empresas deste ramo atraíram investimentos globais que superaram US$ 2,7 bilhões em 2024, apontando para uma tendência de crescimento significativo.
Pelo menos duas corretoras já receberam notificações que exigem a interrupção imediata da promoção de ações da Figure AI. Um porta-voz da empresa confirmou: "Emitimos ordens sempre que identificamos terceiros não autorizados". Essa estratégia legal é vista como uma forma de a Figure AI controlar estritamente a comercialização de suas ações, tentando evitar a desestabilização do seu valuation elevado.
A proibição das negociações secundárias sem a aprovação do conselho de administração destaca um debate relevante sobre a liquidez em startups unicórnio. Para os acionistas atuais, essa medida pode limitar oportunidades de saída antecipada, enquanto novos investidores enfrentam barreiras que podem dificultar o acesso à aquisição de ações da empresa.
Especialistas alertam sobre o risco de sobrevalorização, considerando também o histórico jurídico da empresa. A Figure AI já se envolveu em disputas legais, incluindo ameaças de ações contra reportagens que considerou "inaccuradas", o que eleva um alerta sobre a solidez de seu valuation e a confiança do mercado na empresa.
A situação da Figure AI expõe brechas na governança de empresas privadas de crescimento acelerado. Enquanto a SEC (Securities and Exchange Commission) mantém regras menos rigorosas para negociações secundárias de ações que não estão listadas, startups como a Figure AI estão tomando medidas unilaterais para controlar melhor a composição acionária e proteger seus interesses acionários.
Paralelamente, o caso da OpenAI, que enfrenta críticas pelo seu modelo de negócio lucrativo, reflete tensões similares entre controle corporativo e interesses do público, ilustrando um padrão crescente entre empresas inovadoras que lidam com questões de governança.
O desfecho da rodada de investimento planejada de US$ 1,5 bilhão ainda é incerto, assim como a capacidade da Figure AI de sustentar seu valuation estratosférico. Analistas indicam que a rigidez nas práticas de controle acionário pode, por um lado, atrair investidores institucionais, mas, por outro, suscitar preocupações sobre a transparência e a abertura da empresa.
Por fim, a situação da Figure AI, assim como a da OpenAI, sinaliza que 2024 pode ser um ano decisivo para a relação entre inovação rápida e governança corporativa, enfatizando a necessidade de equilíbrio entre crescimento e controle eficaz.