A Organização das Nações Unidas (ONU) está em debate sobre uma significativa
reforma nas suas estruturas, buscando fusões de agências e cortes orçamentários.
Essas medidas visam evitar um colapso financeiro previsto até outubro de 2025, conforme um documento interno que se tornou público recentemente. O Secretariado-Geral, juntamente com os comitês de orçamento, está liderando essas reformas, enquanto os Estados Unidos se destacam como o maior devedor da instituição, com dois bilhões e setecentos milhões de dólares em pendências relacionadas ao orçamento regular e operações de paz.
A situação se agrava ainda mais com a previsão de que os fundos da ONU podem se esgotar até outubro. O relatório do Comitê de Orçamento de março, atualizado com dados de maio, destaca que as arrecadações caíram abaixo das expectativas desde fevereiro, levando a ONU a recorrer a empréstimos de recursos de tribunais extintos.
Ainda que tenha havido um incremento no fundo de capital de giro em 2023, de cem milhões de dólares, essas ações são vistas como paliativas e não vão de fato solucionar a raiz do problema, que é a inadimplência de Estados-membros.
Dentre as propostas de fusão estão a unificação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a integração da UNAIDS com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, entidades como a UNICEF têm se mostrado relutantes em aceitar essas mudanças, temendo pela preservação de seus mandatos e orçamentos.
Além disso, as reformas nas operações de paz podem reduzir a influência dos países em desenvolvimento, gerando tensões diplomáticas que podem complicar ainda mais as negociações dentro da organização.
A geopolítica atual tem se mostrado um obstáculo significativo para a implementação das reformas na ONU. A ordem executiva dos Estados Unidos de 2025, que restringe verbas da UNRWA, a agência que auxilia refugiados palestinos, e do Conselho de Direitos Humanos, reflete o impasse ideológico que permeia essas discussões.
Enquanto isso, o bloco latino-americano, liderado pelo Uruguai, pressiona por um financiamento integral que garanta os mandatos de direitos humanos, evidenciando a divisão entre nações ricas e em desenvolvimento nas questões de assistência financeira.
As ramificações das reformas propostas se estendem a diversos setores. A defesa, por exemplo, poderá sofrer cortes em orçamentos de paz, o que pode afetar contratos com empresas como Lockheed Martin, que espera um aumento de oito por cento em seus negócios em 2025.
No setor da saúde, a fusão entre a OMS e a UNAIDS poderia potencializar a demanda por uma infraestrutura mais robusta para combater pandemias, mas os cortes de verbas ameaçam colaborações com farmacêuticas como a Pfizer, que prevê um crescimento de doze por cento no seu faturamento até o final de 2025.
Já no contexto climático, a iniciativa UN80, que tem como objetivo fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), tenta alavancar investimentos em energias limpas, prevendo um incremento de vinte por cento em 2025.
O documento recente expõe uma verdadeira encruzilhada para a ONU: modernizar-se ou sucumbir à asfixia financeira. Com um débito total dos Estados Unidos de dois bilhões e setecentos milhões de dólares e reformas paralisadas por disputas de influência, a janela de oportunidades para evitar o colapso está se fechando rapidamente.