José ‘Pepe’ Mujica, ex-presidente do Uruguai e figura emblemática da esquerda latino-americana, faleceu na última terça-feira, 13 de maio, aos 89 anos, após uma batalha contra um tumor no esôfago. O anúncio foi feito pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que expressou seu pesar, lembrando Mujica como "presidente, ativista, referência e líder".
Antes de sua morte, uma das passagens marcantes de Mujica no Brasil ocorreu em 2016, quando ele fez uma palestra na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Franca, onde discursou para um auditório com aproximadamente 2,5 mil pessoas. Naquela ocasião, o ex-presidente, que governou o Uruguai de 2010 a 2015, abordou questões críticas relacionadas a crises políticas e suas consequências, especialmente em países como Brasil e Venezuela.
Durante a palestra, Mujica não hesitou em criticar ditaduras, afirmando que "se há uma ditadura, azar, porque os governos passam e os povos ficam". Ele insistiu na importância de se trabalhar em prol do povo, não apenas dos governantes, e destacou a necessidade de integração econômica e universitária na América Latina como uma estratégia para garantir progresso nas nações.
"Se cometermos o erro de não formar uma massa econômica crítica importante, se não juntarmos a inteligência de nossos jovens de nossas universidades, um sistema comum de pesquisa para sermos donos do conhecimento, nunca vamos conseguir alcançar a distância que o mundo central nos leva", enfatizou Mujica, refletindo sobre os desafios enfrentados pela região.
A saúde de Mujica se deteriorou em 2024, quando anunciou que o câncer se espalhou pelo corpo. Sua esposa, Lucía Topolansky, ex-vice-presidente do Uruguai, informou que ele se encontrava em estado terminal e recebia cuidados paliativos. A morte de Mujica não é apenas uma perda para o Uruguai, mas uma grande ausência na luta por justiça social e pela defesa da democracia na América Latina.
Mujica deixa um legado de liderança e compaixão, sendo lembrado por suas visões progressistas e insistência na dignidade humana ao longo de sua trajetória política. Seu discurso na Unesp permanece como um testemunho de sua luta contra as opressões que marcaram a história da América Latina.