Um incidente trágico em Jacupiranga, interior de São Paulo, resultou na morte de um jovem de 15 anos, Kaue de Jesus Nery dos Santos, que faleceu após manusear produtos químicos em um bananal. O Conselho Tutelar do município investiga a situação, que pode indicar um caso grave de trabalho infantil e exposição a substâncias tóxicas.
Kaue foi internado no Hospital Regional de Registro e faleceu na madrugada de domingo, 11. A causa exata da morte ainda é desconhecida, mas a suspeita é de envenenamento. A repercussão do caso gerou atenção das autoridades, levando o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Conselho Tutelar a atuarem na apuração dos fatos.
De acordo com informações obtidas, outros quatro adolescentes, com idades entre 14 e 15 anos, também manusearam os produtos químicos no bananal. Todos foram localizados e estão passando por exames para avaliar a possível intoxicação. O Conselho Tutelar já identificou esses adolescentes e tenta localizar mais três, que podem ter sido expostos ao mesmo veneno.
A investigação está sendo conduzida pela Polícia Civil, que já analisa o caso sob a perspectiva de maus-tratos. O Conselho Tutelar também informou que encaminhou a situação ao Ministério Público de São Paulo e formalizou denúncias ao MPT. O MPT destacou que essa terá prioridade, considerando que a atividade de manuseio de pesticidas é uma das formas mais perigosas de exploração do trabalho infantil.
A procuradora Ana Carolina Marinelli Martins solicitou à empresa que empregava os adolescentes a apresentação de uma série de documentos que comprovem a segurança e as condições de trabalho dos jovens. Isso inclui Programa de Gerenciamento de Riscos e contratos de trabalho. O proprietário do sítio ainda não foi localizado pela imprensa.
A irmã de Kaue, Kauane de Jesus Santos, expressou sua indignação e tristeza, afirmando que a família não tinha conhecimento das reais atividades do jovem no bananal. Para ela, Kaue trabalhava apenas carregando bananas.
“Nós nunca imaginávamos que ele ia jogar veneno porque nós mesmos não íamos deixar, se nós soubéssemos disso. Deus me livre,” relatou Kauane.
Além disso, segundo o boletim de ocorrência, Kaue teria trabalhado em um feriado, quando não tinha aulas, revelando a vulnerabilidade dos adolescentes em contextos de trabalho perigoso. Seu irmão relatou que ele apresentou sintomas leves antes de ser levado a serviços de emergência.
Este caso destaca problemas sérios acerca da exploração laboral e do uso de substâncias perigosas envolvendo jovens trabalhadores. A comunidade, agora unida em luto, busca justiça e mudanças nas práticas de trabalho infantil, especialmente nas áreas agrícolas onde a segurança dos menores é frequentemente desconsiderada.