Um acidente envolvendo o derramamento de mais de dois mil litros de corante em Jundiaí, São Paulo, gerou um desastre ambiental preocupante, mudando a coloração do Córrego das Tulipas e do Rio Jundiaí para um tom azul e esverdeado, afetando peixes e outros animais, como patos e capivaras. O incidente ocorreu na terça-feira, 13 de maio, quando uma carreta bateu em um poste, causando a liberação do produto químico.
O especialista Claudio da Cunha, coordenador de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia (Fatec), alertou que esse corante, apesar de apresentar baixa toxicidade em pequenas quantidades, é considerado tóxico em altas concentrações e pode permanecer no ambiente por longos períodos. Ele explicou que a substância se fixa à matéria orgânica, afetando a fauna e flora local ao interferir na cadeia alimentar dos peixes e aves: "Esse corante é mutagênico e cancerígeno, e pode impactar o sistema imunológico e hormonal dos animais".
Em resposta ao desastre, equipes trabalham na diluição do produto no Córrego das Tulipas. Como precaução, as prefeituras de Itupeva e Indaiatuba iniciaram procedimentos de suspensão da captação de água do Rio Jundiaí, garantindo a segurança do abastecimento hídrico na região. O município de Indaiatuba já havia recebido orientações da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) para alertar os municípios próximos ao curso do rio.
A Prefeitura de Jundiaí informou que caminhões-pipa com água de reuso estão sendo usados para tentar diluir o corante e neutralizar os impactos ambientais. "Estamos seguindo o percurso que o produto fez, tentando limpar a área afetada", afirmou João Osório Gimenez, coordenador da Defesa Civil de Jundiaí.
A Farkon Indústria e Comércio Químico, responsável pelo corante, ainda não se manifestou publicamente sobre o ocorrido, embora o Ministério Público tenha aberto um inquérito para investigar a situação e colher mais informações sobre a poluição causada. A ocorrência foi registrada no 1º Distrito Policial de Jundiaí como um caso de poluição de qualquer natureza.
A fauna local também sofreu consequências alarmantes devido à contaminação. Imagens mostram capivaras e patos com pelagem azul, forçando equipes de resgate ambiental a intensificarem os esforços para a desintoxicação dos animais afetados. A Associação Mata Ciliar, dedicada à conservação da biodiversidade, está ativamente monitorando a situação dos animais, que ainda precisam de cuidados especiais para se recuperar do impacto do corante.
A situação permanece delicada, e a necessidade de intervenções eficazes se torna cada vez mais urgente enquanto equipes de resgate e órgãos ambientais trabalham para mitigar os efeitos da contaminação e resguardar a fauna e flora da região.