Um inquérito conduzido pela Polícia Civil de Santa Catarina concluiu que não houve crime por parte dos policiais envolvidos na morte do dentista Cézar Maurício Ferreira, ocorrida na delegacia após sua prisão por suposta embriaguez ao volante. A informação foi divulgada pelo delegado Akira Sato na última sexta-feira (1º).
Cézar, de 60 anos, foi preso na noite de 18 de julho e encontrado sem vida horas depois. O laudo da Polícia Científica indicou que a causa da morte foi arritmia cardíaca, e exames toxicológicos revelaram ausência de álcool em seu organismo. Durante a abordagem, os policiais da PM afirmaram ter notado sinais de alteração psicomotora, o que levou à prisão por embriaguez.
O advogado da família de Cézar, Wilson Knoner, alega que o dentista estava passando por um infarto agudo e não recebeu o socorro necessário. Por outro lado, o delegado Sato enfatizou que não há indícios de negligência, ressaltando que "uma pessoa fora da área médica não teria condições de entender esses sintomas como patológicos". Esse foi um dos motivos que levaram à conclusão de que não houve crime doloso ou culposo.
Além disso, a polícia anunciou a adoção de novos protocolos de atendimento em delegacias, visando melhor acolhimento a pessoas que não estejam em condições de responder no momento da prisão. O novo procedimento incluirá o preenchimento de um contato de emergência nos registros dos detentos, tornando essas informações acessíveis aos agentes de segurança pública.
A investigação incluiu a análise de medicamentos que poderiam ter causado sintomas semelhantes à embriaguez. De acordo com a perita-geral Andressa Boer Fronza, alguns desses medicamentos podem provocar sonolência e confusão mental. Em consequência, sumários de sintomas relacionados a embarque etílico foram destacados nas entrevistas sobre o caso.
Em um laudo complementar, os efeitos dos medicamentos foram discutidos, evidenciando que poderiam ser mal interpretados como sinais de embriaguez. O deputador Akira Sato ressaltou que nenhuma ação dolosa ou negligente foi encontrada durante a investigação, que considerou todas as fases desde a abordagem até o sobreaviso do corpo encontrado.
A família de Cézar expressou suas preocupações sobre o inquérito. Segundo eles, ainda existem muitas questões sem respostas, além do fato de não terem recebido acesso oficial ao relatório preliminar. Eles mencionaram a necessidade de um novo protocolo de abordagem policial, que priorize a vida e evite erros fatais em futuras ocorrências.
A defesa dos policiais enfatizou a experiência dos profissionais envolvidos e reiterou que Cézar não reportou nenhum mal-estar durante a abordagem, o que dificultaria a presunção de patologia preexistente. Contudo, os familiares alimentam um anseio por explicações mais transparentes e a transparência na prestação de contas pelas autoridades.
O caso de Cézar Maurício Ferreira levanta importantes discussões sobre protocolos de abordagem policial e a necessidade urgente de normatizações que garantam a integridade das vidas durante operações de segurança pública em Santa Catarina.