O Brasil continua a evitar uma adesão formal à Nova Rota da Seda, iniciativa da China que visa expandir a influência global por meio de investimentos em infraestrutura, comércio e conectividade. Anunciada em 2013, a iniciativa já conta com a adesão de mais de 100 países e movimentou mais de um trilhão de dólares em investimentos até 2024.
Durante uma recente visita do presidente Lula à China, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, destacou que o Brasil está buscando criar "sinergia" com a estratégia de investimentos chinesa, em vez de se integrar formalmente ao projeto conhecido como "Cinturão e Rota". Segundo Costa, isso representa uma forma de manter a equidistância entre os interesses da China e dos Estados Unidos.
O governo brasileiro acredita que a palavra "sinergia" é uma maneira de se distanciar de compromissos firmes com a China, ao mesmo tempo em que reforça sua posição na dinâmica global. "Do mesmo jeito que eles não entram no PAC, nós não vamos entrar na estratégia deles. Buscamos o que integra as estratégias do Brasil e da China", afirmou Rui Costa.
Além disso, o Brasil aponta duas razões principais para evitar a adesão formal: a falta de um tratado internacional claro que regule o programa e a preferência por negociar parcerias específicas que são mais vantajosas. A vitória de Donald Trump nas eleições americanas em 2024 também foi utilizada como uma barganha nas negociações com a China.
Na mesma entrevista, Rui Costa revelou que o governo irá fornecer informações sobre projetos de infraestrutura no Brasil para empresas chinesas, possibilitando sua participação em leilões. Um acordo nesse sentido foi assinado durante a viagem de Lula. Essa estratégia busca aumentar o investimento chinês no setor, sem que outras nações fiquem excluídas do processo.
Durante a visita, os dois países anunciaram investimentos de R$ 27 bilhões em novos projetos no Brasil, abrangendo setores como delivery, carros elétricos, energia limpa e mineração. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, confirmou os montantes e os setores que receberão esses investimentos, que incluem parcerias estratégicas visando fortalecer a presença da China no Brasil.
A viagem de Lula à China é vista como uma oportunidade para ampliar as exportações brasileiras e posicionar o Brasil como uma alternativa viável durante a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O governo brasileiro acredita que pode capitalizar em cima desse cenário, aumentando o volume de negociações entre os dois países.