Pacientes de Ribeirão Preto, SP, que tratam diabetes, especialmente o tipo 1, enfrentam dificuldades para obter insulina e insumos essenciais fornecidos pelo governo estadual. Mesmo com decisões judiciais que exigem a disponibilização desses produtos, os pacientes relatam faltas e atrasos nas entregas realizadas pelo Departamento Regional de Saúde (DRS), o que pode comprometer sua saúde. O custo mensal de um tratamento adequado com bomba de insulina gira em torno de R$ 4,5 mil, o que leva muitos a reverter a métodos menos eficazes diante da escassez.
O DRS declarou que a normalização do fornecimento está prevista até o final de maio. A insatisfação dos pacientes é crescente, já que muitos já enfrentaram essa situação anteriormente. O aposentado Paulo Rogério de Abreu Valente, usuário da bomba de insulina há seis anos, afirmou que tem utilizado insumos em falta e, frequentemente, enfrenta a falta de insulina e outros componentes essenciais. “Um mês falta insulina, no outro falta o sensor, e atualmente estamos há 40 dias sem sensor e cateter”, afirmou Paulo.
A estudante Rafaela Alquemim Frangiotti, de 15 anos, também depende da bomba de insulina e sente os impactos da falta de insumos. Recentemente, ela começou a utilizar um sistema manual de monitoramento que a obriga a medir o nível de glicose em seu sangue com frequesncia. “Ao invés de três vezes ao dia, agora estou medindo 14 ou 15 vezes. Isso gera ansiedade e preocupação com episódios de hipoglicemia,” contou sua mãe, Marília Alquemim Gabiolli.
O coordenador administratifode HR, Rodeval Almeida, tem um filho adolescente que também é prejudicado pela falta de insumos. Ele expressou sua frustração com a falta de informação sobre as razões da escassez. “Quando vamos retirar os insumos, não recebemos orientações sobre a falta, se é problema do fabricante ou se é devido à falta de matéria-prima,” desabafou Rodeval. Para ele, essa falta de comunicação evidencia a ineficiência do estado.
A pedagoga Luara Marqueti teve que voltar para o uso de canetas para insulinização em vez da bomba, que definitivamente era mais adequada ao seu tratamento. “A bomba foi meu último recurso, mas agora estou tendo que voltar por falta de insumos,” lamentou.
A endocrinologista Juliana Cavalari Galdiano de Lima alertou para os riscos da mudança no tratamento dos pacientes, ressaltando que as doses administradas através da bomba oferecem maior precisão que os métodos tradicionais. “Uma unidade a mais pode causar hipoglicemia e uma a menos, hiperglicemia, agravando a condição de saúde do paciente,” explicou. O DRS reafirmou durante a reportagem que os insumos serão disponibilizados para retirada até o fim de maio, e que os pacientes serão notificados assim que os produtos estiverem disponíveis.