Governo Lula cria indicador para identificar famílias em insegurança alimentar no Brasil. Reprodução: Globo
O governo Lula está intensificando esforços para erradicar a fome no Brasil ao desenvolver um novo indicador, chamado CadInsan. Este índice, que deve ser finalizado até o fim de junho, tem como objetivo medir o risco de fome em famílias vulneráveis que estão inscritas no Cadastro Único. Com isso, será possível identificar os municípios com maior insegurança alimentar e, consequentemente, direcionar ações mais eficazes para combater esse problema.
A iniciativa faz parte do Plano Brasil sem Fome, cujo objetivo principal é retirar o Brasil do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2026. O enfoque será em melhorar o monitoramento e a cobertura das políticas de segurança alimentar, além de auxiliar o Ministério de Desenvolvimento Social a alocar recursos onde são mais necessários.
Historicamente, o Brasil conseguiu sair do Mapa da Fome em 2014, mas voltou a integrar essa lista em 2021. De acordo com dados recentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a taxa de subnutrição no país é de 2,8%, um índice que precisa cair para 2,5% para que o Brasil seja retirado do mapa. A próxima atualização sobre essa situação está prevista para ser divulgada em julho.
Conforme a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), pesquisa realizada pelo IBGE, no fim de 2023, 8,7 milhões de pessoas enfrentavam insegurança alimentar grave no Brasil, o que representa 4,1% dos domicílios. Este número é alarmante, especialmente se comparado aos dados de 2022, quando 33 milhões de pessoas estavam com problemas semelhantes. Em 2013, o Brasil atingiu seu melhor momento, com apenas 3,2% dos municípios vivendo essa situação crítica.
A situação varia significativamente entre as regiões do país. A Região Norte apresenta o quadro mais crítico, com quase 40% dos seus municípios enfrentando algum grau de insegurança alimentar. O Nordeste também apresenta números preocupantes, com 38,8% de seus municípios nessa situação. Em contraposição, o Estado de Santa Catarina possui apenas 1,5% de seus lares em insegurança alimentar grave.
A secretaria Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, parte do governo, alega que é fundamental aprimorar as ações para garantir o direito à alimentação para todos os brasileiros. Isso deve ocorrer através da adesão ao Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Dados demonstram que os municípios que aderiram a esse sistema tiveram melhores resultados em suas iniciativas para combater a fome.
A secretária Luiza Trabuco afirma que a adesão ao Sisan é crucial para garantir a continuidade e eficácia das ações contra a fome, evitando uma desestruturação com a mudança de governo. Atualmente, menos de 30% dos municípios brasileiros fazem parte desse sistema, totalizando cerca de 1.600 localidades. No entanto, essas cidades representam mais da metade da população do país, e a meta é alcançar 3 mil até o fim do mandato.