Polícia Federal cumpre mandado de busca na casa de empresário investigado por fraudes financeiras. Reprodução: Globo
A Polícia Federal iniciou a segunda fase da Operação Loris, focando na venda ilegal de obras de arte apreendidas na casa de Eduardo Monteiro Wanderley, CEO da Petra Gold. O empresário é acusado de liderar um esquema financeiro que envolvia a emissão ilegal de debêntures, caracterizando um "esquema Ponzi". Ele pode enfrentar acusações de lavagem de dinheiro e outros delitos.
A nova fase da operação, deflagrada na última quarta-feira, busca investigar a venda das obras de arte que estavam sob a custódia de Wanderley, atuando como depositário fiel. Segundo a PF, ele tinha a obrigação de guardá-las de acordo com as decisões judiciais.
Nesta ação, os policiais estão cumprindo mandados de busca e apreensão na residência do empresário em Botafogo, na Zona Sul do Rio, para localizar outras peças que possam estar envolvidas no esquema. Wanderley e sua empresa ganharam notoriedade no mercado carioca ao emitir debêntures sem a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), levantando centenas de milhões de reais.
Além do esquema das debêntures, a organização criminosa sob sua liderança também patrocinou eventos culturais e esportivos, adquirindo, por exemplo, o Teatro Leblon em 2019, que foi fechado em 2022 após a perda de apoio financeiro. As acusações contra Wanderley incluem lavagem de dinheiro e a emissão ilegal de títulos de dívida.
Conforme avaliação da Bolsa de Arte do Rio, uma das obras encontradas foi de Francisco Rodrigues, também conhecido como Nunca, e está avaliada em R$ 50 mil. Outras obras também foram identificadas, com avaliação entre R$ 20 mil, todas consideradas autênticas, segundo a Bolsa de Arte, já que recriá-las exigiria investimento quase equivalente ao das originais.
Na fase anterior da Operação Loris, que ocorreu em dezembro de 2023, o empresário teve bens sequestrados totalizando R$ 300 milhões. Investigações apontam que a Petra Gold operava de forma fraudulenta, considerando características típicas de pirâmides financeiras. Após a crise do esquema, os pagamentos a funcionários e investidores foram interrompidos.
A CVM já havia determinado a suspensão das ofertas e a interrupção da emissão de debêntures em comunicados de 2020 e 2021, alegando irregularidades. Em 2023, a Polícia Civil também começou a investigar a Petra Gold por estelionato e organização criminosa, constatando que clientes não podiam resgatar valores superiores a R$ 3,5 milhões.
O nome da operação, 'Lóris', faz alusão a um primata que, apesar de sua aparência atrativa, é venenoso, simbolizando os riscos ocultos de certas transações financeiras. No dia 19, outras complicações legais surgiram quando um juiz condenou a empresa de Wanderley, Petro Gold Securities S/A, a pagar uma investidora que não conseguiu resgatar seus investimentos em debêntures emitidas pela companhia.
A defesa de Wanderley comunicou que quatro das obras foram vendidas por engano e que o empresário tem colaborado com as investigações, declarando: "O Sr. Eduardo tem colaborado ativamente e permanece à disposição das autoridades sempre que necessário."