O plano de contingência do Ministério da Saúde voltado para a gripe aviária, lançado em dezembro do ano passado, enfrenta um andamento lento, mesmo após a confirmação do primeiro foco da doença em granja comercial no Brasil. Esse alerta, desencadeado pela detecção do vírus, deveria mobilizar rapidamente ações como a ativação do Centro de Operações de Emergência (COE), o que ainda não aconteceu.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) confirmou, na semana passada, a presença do vírus em uma granja na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, o que representa uma nova fase de alerta para o Brasil. Até então, a gripe aviária havia sido registrada apenas em aves silvestres e de criação caseira. O país, ao alcançar o terceiro estágio de alerta, deve implementar medidas de prevenção imediatas, no entanto, a ativação do COE ainda está pendente.
"Com a ocorrência desse caso no Brasil, a fase de alerta foi oficialmente alcançada, o que exige uma resposta mais robusta do governo", afirmou Ethel Maciel, ex-secretária de Vigilância em Saúde, enfatizando a necessidade de instalação do COE. Apesar disso, até o momento, outras ações como campanhas de comunicação e capacitações, previstas para este momento, ainda não foram realizadas.
O Ministério da Agricultura está à frente das ações, visto que não há registros de casos humanos até o presente momento. A pasta informou que está trabalhando em articulação com a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, visando esclarecer e orientar sobre a situação. A atuação, no entanto, se limita à cooperação entre esses órgãos sem uma estratégia nacional integrada definida.
A recente confirmação do caso em Montenegro fez com que a Saúde descartasse um caso suspeito de gripe aviária em um trabalhador da granja, mas ainda assim o governo está avaliando nove possíveis infecções em aves em estados como Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O monitoramento está sendo realizado segundo protocolos internacionais.
Especialistas têm adotado uma postura cautelosa, alertando sobre o potencial risco de uma nova pandemia originada pela gripe aviária. Segundo Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, a vigilância é essencial nesse estágio, dado que a transmissão do vírus ocorre principalmente através do contato direto com aves contaminadas. Portanto, recomenda-se que pessoas em contato com essas aves utilizem equipamentos de proteção individual e adotem medidas de precaução rigorosas.
No momento, o foco deve ser a restrição do contato direto com aves e a vigilância de todos os sintomáticos envolvidos na gestão dessas populações avícolas, para evitar uma escalada de casos e garantir a saúde pública.