Pacientes enfrentam longas filas de espera nas UPAs de Piracicaba devido à demora no atendimento. Reprodução: EPTV
Moradores de Piracicaba (SP) ainda enfrentam longas esperas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade, mesmo passados oito dias desde que a prefeitura declarou emergência em saúde devido ao aumento de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e infecções virais, principalmente entre crianças.
O decreto municipal foi uma resposta à crescente fila de espera para vagas de enfermaria e UTI. Contudo, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o quadro não se agravou desde então e, por isso, não houve necessidade de ampliar os atendimentos nas unidades.
No entanto, relatos de moradores indicam que a realidade é diferente. Recentemente, a equipe da EPTV, afiliada da TV Globo, visitou as UPAs Piracicamirim, Vila Cristina e Vila Rezende, onde encontrou salas de espera superlotadas e pacientes esperando do lado de fora.
A empresária Laís de Lima compartilhou sua experiência na UPA Piracicamirim, onde o atendimento de seu filho demorou duas horas. "Faltou equipamento; o médico não conseguia examinar o ouvido do meu filho porque havia apenas um instrumento disponível", disse Laís, que voltou à unidade com outro filho que havia se machucado na escola.
Letícia de Souza, auxiliar de cozinha, mencionou que já levou sua filha para atendimento médico três vezes no último mês e criticou a qualidade do que foi oferecido. "Medicaram minha filha e mandaram pra casa sem resolver", afirmou. Ela relatou que os médicos frequentemente prescrevem medicamentos para viroses, sem conduzir exames mais conclusivos.
A situação é ainda mais preocupante para o mecânico Edson Lopes, de 56 anos, que enfrenta uma infecção ocular. Sua família busca uma transferência para cirurgia em um hospital estadual, mas está enfrentando a dificuldade da urgência com o foco geral em doenças respiratórias. Sua esposa, Rosei Lopes, expressou preocupação com a gravidade do estado de saúde de Edson, mencionando que a espera está causando deterioração em sua condição.
A Prefeitura de Piracicaba defendeu que Edson já é acompanhado pela rede pública desde 2021 e que um retorno ao hospital da Unicamp está previsto para o próximo mês. Sobre as longas esperas nas UPAs, a administração citou que um protocolo de atendimento avalia a gravidade de cada caso.
O decreto de emergência foi assinado no dia 19, permitindo a compra de insumos sem licitação e a contratação de serviços de saúde. Também foram criados 17 novos leitos para atender crianças na fila de espera. O secretário municipal de saúde, Sérgio Pacheco, garantiu que a medida possibilitará a ampliação do fluxo de recursos e melhorias no atendimento dos hospitais parceiros.
Pacheco reconheceu a necessidade de um pronto-socorro mais bem estruturado e ressaltou que o decreto facilitará a aquisição de insumos essenciais, como testes para o vírus sinicial respiratório, além de propor modificações físicas nas UPAs para aumentar a capacidade de atendimento.
Essa situação evidencia o desafio que a saúde pública enfrenta diante do aumento de doenças respiratórias e a necessidade urgente de ações efetivas para melhorar a qualidade do atendimento na cidade.