A audiência sobre feminicídio realizada na última sexta-feira (30) na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) em Teresina causou revolta ao contar com a ausência de 27 deputados, um fato que gerou indignação entre deputadas e representantes de órgãos envolvidos na defesa dos direitos da mulher. No evento, somente três deputados marcaram presença: Franzé Silva, Fábio Novo e Dr. Vinícius.
A delegada Vilma Alves, uma líder reconhecida no combate à violência de gênero, expressou sua desapontamento, apontando que a falta de representação feminina na Assembleia é uma consequência das escolhas eleitorais. "Nós somos maioria de votantes, mas não valorizamos a mulher. Conquistamos nossos direitos, somos cidadãs, mas não somos respeitadas", afirmou a delegada.
Entre os deputados ausentes, as justificativas foram diversas. Apenas três se apresentaram, enquanto a Alepi optou por não comentar sobre as ausências. A lista inclui deputados que estavam fora de Teresina, aguardando respostas ou com saúde debilitada. O deputado Dr. Felipe Sampaio, por exemplo, justificou sua falta devido a um problema de saúde, enquanto outros mencionaram compromissos previamente agendados.
No que tange aos debates realizados na audiência, o defensor público Marcus Vinicius Carvalho destacou a importância de discutir a interiorização da Rede de Proteção à Mulher, que atualmente está disponível em algumas cidades, mas não em todos os municípios do Piauí. Um dos principais assuntos abordados foi a implementação efetiva da Lei 14.164/2021, que requer discussões sobre direitos das mulheres e feminicídio nas escolas.
Agravando a situação, os dados sobre feminicídios no Piauí revelam um impacto alarmante: entre 2022 e 2025, 182 mulheres perderam a vida nas mãos de parceiros ou ex-parceiros. Somente em 2024, foram registrados 56 feminicídios, um aumento de 32% em relação ao ano anterior, enquanto em 2023, já são 19 mortes de mulheres nesse contexto.
O evento contou com a presença de movimentos populares de mulheres, representantes da Rede de Proteção, Defensoria Pública, Ministério Público, e a Coordenação do Juizado de Especiais, além de deputados que apoiam a causa. As discussões sobre feminicídio não apenas evidenciam a urgência do tema, mas ressaltam a necessidade de maior comprometimento e ação dos legisladores para enfrentar essa questão crítica e trágica que afeta tantas vidas no estado.
O defensor público Marcus Vinicius ressalta: "É necessário fazer cumprir a Lei 14.164/2021, que institui a discussão sobre os direitos das mulheres nas escolas."