Crescimento alarmante: 264 casos de racismo registrados no Espírito Santo em 2024. Reprodução: Globo
O Espírito Santo enfrenta um aumento alarmante no número de casos de racismo, com 264 ocorrências registradas em 2024, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Esta estatística representa um crescimento de 118% em relação aos 121 casos registrados em 2018, revelando um panorama preocupante sobre a discriminação racial na região.
Entre janeiro e abril de 2025, já foram reportados 82 casos, refletindo a gravidade do problema. Cada número corresponde a uma história de sofrimento e resistência, como a do jovem embaixador da ONU, Luan Herrara da Cruz, que sofreu ataques racistas enquanto participava de um grupo político. Luan relata que após receber mensagens racistas, incluindo figuras de macacos, ele precisou de tratamento psicológico e se isolou por seis meses, revelando as sequelas emocionais que essas situações causaram.
"Racismo mata, destrói sonhos e ninguém pode ser julgado pela cor de pele", afirma Luan, ressaltando a necessidade de ações mais efetivas do poder público, como campanhas de conscientização.
O avanço dos casos de racismo no estado chama atenção para a necessidade de um ambiente social mais justo e igualitário. Dados mostram que a Grande Vitória concentra a maioria das ocorrências, com 126 casos apenas em 2024, correspondendo a quase metade do total registrado no estado.
A legislação brasileira distingue entre racismo e injúria racial, uma diferença crucial que é fundamental para que as vítimas reconheçam e denunciem os atos de discriminação que enfrentam. A advogada Angélica Paineiras destaca que muitas vítimas não conseguem identificar os ataques sofridos, reforçando a necessidade de educação e conscientização sobre o tema.
Apesar do aumento nos registros, muitos casos ainda não são denunciados. O influenciador digital Julio Gabriel Santana compartilha sua experiência com preconceito, relatando que frequentemente é alvo de comentários racistas, especialmente nas redes sociais. Ele menciona como, com a popularização da internet, as ofensas se tornaram mais frequentes.
Como reconhecido pela Secretaria de Segurança Pública, práticas racistas frequentemente se disfarçam em situações cotidianas, e é fundamental que as vítimas estejam atentas e se sintam encorajadas a denunciar. A cartilha do Ministério da Justiça oferece orientações sobre como proceder, ressaltando ações como apelidar pessoas com características raciais, inferiorizar etnias e ofensas físicas e verbais.
Casos de racismo podem ser denunciados em delegacias, pela internet ou telefone. O Disque Direitos Humanos, por exemplo, está disponível para receber denúncias de discriminação racial e outros tipos de agressão. A sociedade e as autoridades precisam estar unidas na luta contra o racismo, para que histórias como a de Luan não se repitam.