Os líderes empresariais premiados no evento ‘Executivo de Valor’ do GLOBO revelaram que o ambiente político e a insegurança jurídica estão entre os principais desafios para o crescimento econômico das empresas no Brasil. Além disso, os juros altos e a inflação elevada têm sido preocupações constantes.
Apesar das incertezas, muitos CEOs demonstram um otimismo cauteloso, planejando manter os investimentos a longo prazo. A necessidade de diversificação nas lideranças e uma forte responsabilidade social e ambiental foram temas recorrentes entre os premiados.
Durante a cerimônia realizada no hotel Rosewood em São Paulo, Frederic Kachar, diretor-geral da Editora Globo, sublinhou a importância de promover a diversidade nas lideranças. Ele ressaltou que, dos 25 premiados, 13 são novos no prêmio, indicando um mercado em transformação. Ele observou também que a presença feminina nas posições de liderança avançou, mas em 2023 notou-se uma estagnação.
Maria Fernanda Delmas, diretora de Redação do Valor, acrescentou que, com o ritmo acelerado das mudanças, as empresas têm uma responsabilidade maior com a sociedade. Ela enfatizou que o sucesso de uma empresa depende da consciência de sua equipe sobre essa responsabilidade e de sua disposição para provocar mudanças significativas.
Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, falou sobre a necessidade de abordar a questão fiscal para atrair investimentos. Ele acredita que, ao lidar com a sustentabilidade da dívida pública, o Brasil poderá melhorar seu ambiente para investimentos. O CEO da Copel, Daniel Slaviero, compartilhou essa visão, afirmando que uma possível estabilização dos juros pode ser alcançada através de uma melhoria fiscal.
Belmiro Gomes, do Assaí, enfatizou que a pressão das altas taxas de juros é um dos maiores riscos que as empresas enfrentam. Ele afirmou que isso impacta diretamente o consumidor e, por isso, sua empresa revisou investimentos para uma abordagem mais disciplinada. Ricardo Ribeiro Valadares Gontijo, da Direcional, também trouxe à tona a preocupação com os custos elevados de capital, que dificultam negócios essenciais na economia.
A alta de juros é vista como um desafio por vários setores. Bruno Lasansky, da Localiza Co., mencionou que essa situação afeta a mobilidade urbana e a alocação de recursos nas empresas. Para ele, mantendo eficiência e controle de custos, ainda há espaço para crescimento na locação de frotas.
Os CEOs em diferentes segmentos também ressaltaram as preocupações com a inflação, especialmente Rafael Vasto, da Daki, que já se tornou um unicórnio com um supermercado online. Ele destaca que negócios precisam se adaptar a um cenário inflacionário elevado, que afeta preços e vendas.
Roberto Valério, da Cogna, expressou sua preocupação sobre como a inflação e os juros elevados podem reduzir o poder de compra das famílias, afetando temas como a educação. A insegurança jurídica, conforme mencionado por Eduardo del Giglio, da Caju, e Ana Sanches, da Anglo American, também continua a ser uma preocupação constante no ambiente de negócios, dada a volatilidade das mudanças regulatórias.
Raquel Reis, da SulAmérica Seguros, apontou que os conflitos ideológicos no Brasil têm dificultado a construção de uma agenda econômica clara entre os setores. Em contraste, Christian Gebara, da Telefônica Vivo, mencionou que o câmbio é uma das grandes barreiras, com o dólar a R$ 6 impactando diretamente os preços dos produtos.
O prêmio ‘Executivo de Valor’ 2025 conta com o patrocínio de empresas como ArcelorMittal e Care Plus, além do apoio de instituições como Gol e Febraban. Os desafios discutidos pelos CEOs refletem um cenário complexo, mas também uma oportunidade significativa para o Brasil repensar suas estratégias econômicas e sociais.