Os Estados Unidos estão empenhados em uma polêmica estratégia de diplomacia de deportação, negociando com um total de 58 países para que aceitem imigrantes deportados, mesmo aqueles que não têm vínculos com essas nações. O foco recai principalmente sobre países devastados por guerras ou que possuem um histórico de violações de direitos humanos.
As iniciativas, que avançaram sob a administração de Donald Trump, incluem pressões financeiras e acordos bilaterais. Diplomas americanos foram instruídos a contatar nações na África e na Ásia Central para aceitar deportações de cidadãos de terceiros países, e até mesmo criminosos. Entre os países consultados estão Angola, Mongólia e a Ucrânia, enquanto a Costa Rica já implementa a recepção de dezenas de deportados. O governo dos EUA chegou a desembolsar até US$ 100 mil em acordos com Ruanda para que este aceitasse deportados.
Enquanto isso, as autoridades enfrentam resistência de várias nações. O Peru, por exemplo, tem rejeitado as propostas de aceitar deportados, apesar da pressão contínua. Ao mesmo tempo, nas últimas semanas, a Suprema Corte dos EUA liberou a possibilidade de deportações para países que não são os países de origem dos deportados, como Líbia e Sudão do Sul, que enfrentam grandes crises humanitárias e conflitos.
A diplomacia americana, marcada por um tom de urgência e barganha, mostra o empenho do governo em aumentar suas deportações em massa. As ações incluem ofertas de assistência financeira a países que aceitem deportados, o que gerou descontentamento e preocupações sobre os direitos humanos. Vários países, incomodados com a ideia de receber deportados sem laços claros, têm se mostrado hesitantes em aceitar os imigrantes.
Recentemente, o Departamento de Segurança Interna solicitou que diplomatas abordassem ainda mais 29 países. Até agora, sete nações já concordaram em acolher os deportados, mas as negociações continuam com as demais. A pressão para aceitar essas deportações e a troca de créditos na diplomacia internacional revelam o extremo comprometimento do governo Trump com sua política anti-imigração, mesmo em face de potenciais violações dos direitos humanos.
Criticas a essa abordagem têm vindo de defensores dos direitos humanos e advogados, que notam a necessidade de audiências judiciais para que cada expulsão seja avaliada à luz da lei, argumentando que o governo ignora os riscos que os deportados enfrentariam em países que já têm um histórico negativo de tratamento a imigrantes e minorias. Essa dinâmica, que coloca os deportados sob riscos de abusos e condições inaceitáveis, destaca o dilema ético da política de imigração dos EUA.