Fungo Antigo Agora Luta Contra Câncer e Promete Avanços

Por Autor Redação TNRedação TN

Fungo Aspergillus flavus é reconstituído como tratamento para leucemia.; Reprodução: Gizmodo

Uma reviravolta surpreendente ocorreu com o fungo Aspergillus flavus, conhecido por sua associação a mortes misteriosas em tumbas, que agora está sendo estudado como um potencial tratamento eficaz para a leucemia. Pesquisadores descobriram que uma modificação em uma nova molécula encontrada nesse fungo resulta em um composto que age de forma semelhante a medicamentos aprovados pelo FDA, como o cytarabine e o daunorubicin.

No início do século XX, trabalhadores que participaram da escavação do túmulo do faraó Tutancâmon enfrentaram mortes inexplicáveis, assim como cientistas que entraram na tumba do rei Casimiro IV da Polônia cinco décadas depois. Nestes casos, sugere-se que esporos de fungos possam ter provocado essas fatalidades, especialmente o Aspergillus flavus, que agora surge como potencial aliado no combate ao câncer.

RiPPs: A Nova Esperança no Tratamento do Câncer

O foco da pesquisa está nos peptídeos ribossomais sintetizados e modificados pós-traducionalmente, conhecidos como RiPPs. Esses compostos naturais são produzidos pelos ribossomos e posteriormente modificados por enzimas, resultando em uma variedade de atividades biológicas, muitas das quais apresentam propriedades anticâncer. No entanto, a quantidade de RiPPs identificados em fungos é substancialmente menor em comparação aos encontrados em bactérias.

A dificuldade em entender como os fungos geram RiPPs foi um obstáculo para os cientistas. Qiuyue Nie, pesquisadora da Universidade da Pensilvânia, ressaltou que a síntese desses compostos é complexa, porém isso também contribui para sua notável bioatividade. A equipe de pesquisa, ao desativar genes em A. flavus, conseguiu identificar quatro diferentes RiPPs, incluindo os novos asperigimycins, que mostraram eficácia contra células de leucemia humana.

Eficácia dos Asperigimycins

Quando os asperigimycins foram combinados com um lipídio, o desempenho nas células leucêmicas foi comparável a medicamentos tradicionais. O estudo revelou que um gene atua como um "gateway" que permite a entrada desses compostos nas células cancerosas. "Esse gene não apenas facilita a entrada dos asperigimycins, mas pode também possibilitar que outros peptídeos cíclicos o façam", explicou Nie.

A descoberta de que os asperigimycins podem interromper o processo de divisão celular é um avanço significativo, visto que o câncer se caracteriza pela multiplicação descontrolada de células. Os resultados indicaram que esses compostos têm pouco ou nenhum efeito sobre células de câncer de mama, fígado ou pulmão, mas isso pode ser positivo, já que a natureza direcionada do impacto do composto é desejável para medicamentos futuros.

Próximos Passos e Futuras Pesquisas

Os cientistas agora pretendem avançar para testes em animais com os asperigimycins. Este recente estudo não apenas aponta para uma promissora nova terapia contra o câncer, mas também abre novas vias para pesquisas sobre medicamentos derivados de fungos. Sherry Gao, uma das autoras do estudo, ressaltou: "A natureza nos oferece uma farmácia incrível e cabe a nós descobrir seus segredos".

Tags: Saúde, Tratamento, Câncer, Leucemia, Inovação Fonte: gizmodo.com