Em 2023, a Comunidade de Madrid se destaca na declaração de impostos, concentrando 44,6% dos contribuintes que ganham acima de 601 mil euros anuais, segundo a Agência Tributária. Este número reflete uma realidade intrigante: quase uma em cada duas pessoas que pertencem a este grupo altamente renda viventem nesta região.
O total de contribuintes que excedem este valor em todo o território espanhol é de 14.738, uma ligeira queda em relação a 2022, quando 15.186 pessoas se enquadravam nessa faixa. A diminuição em escala nacional não se reflete em Madrid, que viu seu número de contribuintes nesta categoria permanecer estável, solidificando sua posição como o principal polo de atração para as fortunas elevadas.
Dentre os contribuintes do IRPF, Madrid representa apenas 16,3%, porém acumula quase metade dos que declaram valores superiores a 601 mil euros. Este panorama revela uma concentração impressionante de riqueza na capital, interesses em investimentos e receitas que vão além dos rendimentos do trabalho.
Após Madrid, a região com maior concentração de rendimentos altos é a Catalunha, que abriga 21,7% dos contribuintes nesta categoria, totalizando 3.192 indivíduos. Já a Andaluzia corresponde a somente 8% do total, com 1.185 contribuintes. Os dados ainda mostram que certas regiões, como Extremadura e La Rioja, mal possuem representação neste segmento: 41 e 50 contribuintes respectivamente, somando apenas 0,6% do total.
No espectro dos rendimentos mais intermediários, entre 150 e 601 mil euros, Madrid também lidera, com 36,2% das declarações, seguida da Catalunha (23,9%) e da Comunidade Valenciana (7,9%). Essa distribuição acentua o fenômeno que caracteriza a desigualdade territorial na riqueza, onde a forte concentração em algumas regiões contrasta com a fragilidade econômica de outras.
Ao observarmos o panorama geral da população de contribuinte, nota-se que mais de 72% ganham menos de 30 mil euros anualmente. Este fato é ainda mais impressionante quando se considera que mais de cinco milhões de indivíduos estão na faixa de rendimento muito baixa, com menos de 6 mil euros, enquanto mais de 17 milhões não atingem os 30 mil euros por ano. Apenas 5,6% dos contribuintes possuem rendimentos acima de 60 mil euros.
A situação é curiosamente contraditória em Andaluzia, que possui o maior número absoluto de declarantes (18% do total da Espanha), mas contém apenas 8% das altas receitas. No mesmo padrão, regiões como a Galícia, Castilla e León, e outras somam milhões de contribuentes, mas possuem uma escassa presença nas faixas mais altas de rendimento.
Adicionalmente, a análise das rendas mais baixas revela que comunidades como a Extremadura, Castilla-La Mancha, e Andalucía têm quase 90% de seus contribuintes declarando rendimentos abaixo de 30 mil euros anualmente. Esse retrato destaca a fragilidade estrutural dessas economias e a maior dependência de rendas assistenciais ou pensões.
Por outro lado, Madrid novamente se sobressai, possuindo apenas 19% de contribuintes nesta faixa, o que demonstra que, embora muitos trabalhadores na capital tenham rendimentos baixos, eles coexistem com uma quantidade proporcionalmente maior de contribuintes em faixas de meio e alto rendimento.