Tesla, o famoso fabricante de veículos elétricos, enfrenta um momento desafiador, com a empresa reportando uma queda significativa nas entregas de veículos no segundo trimestre de 2025. As vendas caíram 13,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 443,956 veículos entregues, o que intensifica as preocupações sobre a imagem da marca, especialmente na Europa. A análise de investidores considera as entregas como um dos principais indicadores de vendas da empresa, e a expectativa estava em uma queda de cerca de 10%, sinalizando que os resultados foram piores do que o esperado.
A crise de imagem da Tesla é atribuída em parte às decisões políticas de Elon Musk. Originalmente visto como um ícone entre os progressistas preocupados com o meio ambiente, Musk alienou uma parte dos seus consumidores após assumir uma posição de destaque na administração Trump, responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Sob sua liderança, a DOGE ficou conhecida por cortar orçamentos sem considerar os impactos dessas ações. Mais recentemente, seu apoio aberto a partidos políticos de direita no Reino Unido e na Alemanha afastou vários compradores europeus, que antes viam a Tesla como um símbolo de status consciente do clima, com reações negativas notáveis na Alemanha, um mercado crucial para a montadora.
Além do impacto político, a Tesla agora lida com uma concorrência crescente de fabricantes chineses como a BYD, além de rivais domésticos como Ford, General Motors e Rivian. Apesar da queda nas entregas, a produção de veículos da Tesla aumentou neste trimestre, com 410,244 unidades fabricadas, se mantendo praticamente estável em comparação com o ano anterior. Isso sugere que a demanda subjacente pode não estar em colapso, ou que a empresa espera que a demanda retorne em breve.
O analista da Wedbush, Dan Ives, conhecido por seu otimismo em relação à Tesla, fez uma análise positiva. Ele comentou no X (anteriormente Twitter) que os números foram 'melhores do que o temido', ressaltando uma recuperação na China e o crescente interesse no Model Y renovado. "Grande passo à frente". A Tesla anunciou suas entregas do 2º trimestre, contabilizando 384k veículos, superando as expectativas do mercado, que estavam em torno de 365k, e reportando sucesso com o ciclo de renovação do Model Y.
Outro fator a considerar é a iminente expiração do crédito fiscal de $7,500 para veículos elétricos, um benefício importante da "One Big Beautiful Bill" do presidente Trump. A versão do Senado do projeto encerra o crédito em setembro, o que pode provocar uma corrida de consumo por parte de clientes que desejam garantir o benefício antes que ele acabe.
No entanto, Musk tem minimizado a importância das vendas de veículos para o futuro da Tesla. Em recentes declarações públicas, ele enfatizou que a empresa está evoluindo para um modelo focado em inteligência artificial, robótica e software. Ele mencionou o software de condução autônoma, Full Self-Driving (FSD), e o robô humanoide Optimus como as próximas grandes fontes de receita da companhia. Contudo, até agora, os resultados têm sido variados, como evidenciado pelo serviço de robotáxi, que foi limitado a um grupo de superfãs e requereu a presença de um supervisor humano. As cenas desse evento logo se espalharam nas redes sociais, gerando zombarias e ceticismo.
Por ora, o futuro que Musk imagina — um Tesla movido por inteligência artificial e robôs — permanece uma mera visão. E o negócio central da empresa, a venda de automóveis, continua lidando com as repercussões de um CEO que parece insistir na mistura de política e produto.