Dados preliminares sobre as emissões de carbono deste ano reforçam a necessidade de ação imediata para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorre esta semana, trouxe à tona resultados inquietantes: as emissões globais de combustíveis fósseis devem atingir um recorde em 2025.
A previsão do relatório Global Carbon Budget, elaborado por uma equipe internacional de mais de 130 cientistas, indica um aumento de 1,1% nas emissões de CO2 a partir dos combustíveis fósseis em relação a 2024, totalizando cerca de 42 bilhões de toneladas. Os autores do estudo afirmam que, com esses números, limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, conforme estipulado pelo Acordo de Paris, será praticamente impossível.
Pierre Friedlingstein, professor da Universidade de Exeter e diretor do Global Carbon Budget Office, acredita que esses dados devem impulsionar ações efetivas em todo o mundo. "Não há alternativa", destacou Friedlingstein em entrevista à Gizmodo. "Precisamos permanecer esperançosos, porque temos que enfrentar a questão das mudanças climáticas".
Por outro lado, o relatório não apresenta apenas notícias alarmantes. Embora as emissões de combustíveis fósseis estejam crescendo, as emissões totais de carbono global—resultado da combinação de emissões provenientes de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra—devem ser ligeiramente menores que no ano anterior. Piers Forster, professor de mudanças climáticas na Universidade de Leeds, aponta que as emissões estão começando a desacelerar e observa as iniciativas da China em eletrificação e energia renovável como um sinal encorajador.
Além disso, o crescimento das emissões na China, o maior emissor de CO2 do mundo, desacelerou devido ao crescimento moderado do consumo de energia aliado ao crescimento significativo das energias renováveis. O relatório também cita uma diminuição prevista nas emissões decorrentes das mudanças no uso da terra, destacando a redução das taxas de desmatamento na América do Sul e em outras partes do mundo.
No entanto, os achados vêm repletos de ressalvas. O professor Friedlingstein enfatiza que a análise de um único ano não reflete avanços de longo prazo nas metas climáticas. Adicionalmente, o relatório não considera outras emissões de gases de efeito estufa, como o metano. Apesar dos progressos na descarbonização da economia chinesa e das reduções observadas no desmatamento, o mundo ainda está longe de alcançar emissões líquidas zero. "Temos um imenso caminho a percorrer", disse Forster, alertando sobre a necessidade urgente de mitigar as emissões.
Um dado alarmante do relatório aponta que 8% do aumento na concentração de CO2 atmosférico desde 1960 se deve às mudanças climáticas em si, pois o aumento das temperaturas globais reduziu a eficácia dos sumidouros de carbono da terra e dos oceanos. É essencial que o mundo colabore na busca por soluções sustentáveis, como ressaltou Friedlingstein. "Não há plano B". A ênfase na cooperação internacional é um ponto importante para Forster, que acredita que ainda existem pessoas em diferentes países dispostas a fazer a diferença na luta contra as mudanças climáticas.