Brics Ampliado e os Desafios do Multilateralismo
A recente cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, expôs os desafios do multilateralismo e os obstáculos impostos pela expansão do grupo. A declaração final, embora crítica ao unilateralismo representado por Donald Trump, optou por não mencionar diretamente o presidente americano, refletindo a diversidade de posturas que compõem o bloco.
Desafios da Expansão do Brics
Com a inclusão de novos membros, a cúpula de presidentes e chefes de Estado buscou, em sua declaração principal, posicionar o grupo como um antídoto ao unilateralismo. No entanto, a ampliação do Brics se consolidou como um dos principais desafios à realização de seus objetivos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou para o "colapso do multilateralismo", questionando como um grupo com visões tão diversas pode atuar de maneira coesa.
Conflitos e Omissões Políticas
Diante das tensões globais, como a invasão da Ucrânia pela Rússia – um dos seus membros fundadores – o Brics adotou uma postura cautelosa. Enquanto a declaração menciona os ataques a Gaza e condena os ataques sofridos por regiões da Rússia, não houve referência explícita ao comportamento da Rússia ou dos Estados Unidos, refletindo divagações nas posturas entre os novos e antigos membros do grupo.
Pontos Polêmicos na Declaração Final
A cúpula também evidenciou a complexidade nas discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Apesar de não ter havido um apoio inequívoco ao Brasil, o texto acrescentou um endosso dos antigos membros à busca por um papel mais relevante para Brasil e Índia na ONU, mas com limitações expressas.
Agenda Climática e Diversidade no Brics
As questões climáticas, uma das bandeiras da presidência brasileira do Brics, revelaram também divergências. Embora o grupo tenha defendido o Acordo de Paris e políticas de financiamento, a declaração se mostrou vagarosa em relação a ações práticas. Além disso, a diversidade do Brics revelou paradoxos, como a defesa da igualdade de gênero em um grupo onde países como Irã e Egito figuran entre os piores no ranking de oportunidades para mulheres.
Perspectivas Futuras e a Necessidade de Coesão
A participação de líderes como Narendra Modi, que destacou a necessidade de aumentar a representatividade dos países em desenvolvimento, traz à tona a discussão sobre como o Brics pode se unir frente a múltiplas crises globais. O presidente Lula afirmando que "o colapso do multilateralismo" é um problema crítico sinaliza a urgência de uma atuação mais coesa e articulada entre as nações-membro. Com a cúpula servindo como um palco para esses debates, a busca por uma solução comum para os desafios enfrentados pode ser fundamental para o futuro do Brics.