Impacto do Derretimento de Glaciares na Atividade Vulcânica
Pesquisas recentes apontam que o avanço do derretimento de glaciares pode desencadear uma onda de erupções vulcânicas ao redor do mundo. Um estudo apresentado na Conferência Goldschmidt em Praga revelou que centenas de vulcões subglaciais, que permanecem dormentes sob grossas camadas de gelo, podem ser ativados com a aceleração do aquecimento global. Essa preocupação é especialmente grave na Antártida Ocidental, onde mais de 100 vulcões subglaciais estão ameaçados pelo derretimento acelerado das geleiras.
Descobertas Científicas Importantes
"Nosso estudo sugere que esse fenômeno não se limita apenas à Islândia, onde se observou um aumento da vulcanicidade, mas também pode ocorrer na Antártida. Outras regiões continentais, como partes da América do Norte, Nova Zelândia e Rússia, também precisam de atenção científica mais próxima", afirmou Pablo Moreno, geólogo da Universidade de Wisconsin–Madison e autor do estudo. Segundo um estudo de 2020, 245 dos vulcões potencialmente ativos do mundo estão localizados sob ou a menos de 5 quilômetros do gelo glacial.
Pesquisando a Relação entre Geadas e Atividade Vulcânica
Para investigar a correlação entre a atividade vulcânica do passado e o derretimento dos glaciares, os pesquisadores analisaram a derrocada das camadas de gelo da Patagônia há milhares de anos e as erupções subsequentes. Utilizando datação por argônio e análise de cristais em seis vulcões no sul do Chile, incluindo o inativo vulcão Mocho-Choshuenco, os cientistas puderam determinar a cronologia das erupções e como o peso e a pressão do gelo influenciaram o comportamento do magma subterrâneo.
A Relação entre Pressão dos Glaciares e Eruções
Durante o auge da última Era do Gelo, entre 26.000 e 18.000 anos atrás, a espessa camada de gelo supressou a atividade vulcânica, permitindo que vastos reservatórios de magma se acumulassem a profundidades de 10 a 15 quilômetros. Com o derretimento da camada de gelo cerca de 13.000 anos atrás, a perda súbita de peso permitiu que a crosta terrestre relaxasse, resultando na expansão de gases e magma, o que culminou em erupções explosivas.
Consequências Climáticas das Eruções Vulcânicas
A intensificação da atividade vulcânica pode provocar efeitos climáticos globais. No curto prazo, as erupções liberam aerossóis que podem resfriar temporariamente o planeta. Porém, a longo prazo, a soma das erupções pode contribuir para o aquecimento global ao liberar gases de efeito estufa. "Com o tempo, o efeito cumulativo de múltiplas erupções pode contribuir para o aquecimento global a longo prazo devido ao acúmulo de gases de efeito estufa", acrescentou Moreno-Yaeger.
Um Ciclo de Retroalimentação Preocupante
Esse cenário desenha um ciclo de retroalimentação preocupante: o derretimento das geleiras provoca erupções vulcânicas, e estas, por sua vez, podem intensificar o aquecimento e o derretimento. À medida que o clima continua a mudar, a vigilância sobre os vulcões e glaciares ao redor do mundo torna-se cada vez mais imperativa.