Moradores do Sul de Minas experimentaram uma surpresa durante as madrugadas de 9 e 10 de julho de 2025, ao avistarem um intenso clarão no céu. Este fenômeno, que ganhou o nome de "luz de fogo", chamou a atenção em cidades como Poços de Caldas, Andradas, e Pouso Alegre, reconhecido como resultado da reentrada de detritos espaciais da SpaceX e da NASA.
A primeira reentrada ocorreu no dia 9 de julho, por volta das 5h50, envolvendo um satélite Starlink da SpaceX. No dia seguinte, por volta das 2h50, foi a vez do satélite ILLUMA-T, lançado pela NASA em 1998. Ambos os eventos geraram um espetáculo luminoso visível a olho nu, despertando curiosidade e especulação nas redes sociais.
Especialistas explicaram ao g1 que esses detritos espaciais proporcionam um espetáculo visual impressionante. Segundo Marcelo de Cicco, cientista planetário e coordenador do projeto Exoss ligado ao Observatório Nacional, a queima intensa causada pelo atrito com a atmosfera resulta em um efeito de "estrela cadente" em grande escala. "À noite, fica realmente um show luminoso, colorido, devido a características do material que entrou, como componentes cerâmicos e ligas metálicas", explicou.
A reentrada de lixo espacial é um fenômeno crescente, já que cada vez mais satélites e fragmentos de foguetes descartados retornam à Terra. Esses objetos, ao reentrarem na atmosfera, se desintegram devido ao atrito, criando rastros luminosos, mas geralmente não causam danos ao solo. Segundo Mariella, uma moradora de Pedralva que presenciou o evento: "Foi um momento de pura magia olhar para o céu e ver aquilo!".
O projeto Exoss confirmou que a velocidade da reentrada dos objetos estava na faixa de dezenas de milhares de quilômetros por hora, característica comum em detritos de órbita baixa. Desde então, várias iniciativas de monitoramento têm sido implantadas em diferentes países para acompanhar e rastrear esses objetos, visando garantir a segurança e a soberania espacial.
Além de ser um espetáculo natural, a reentrada de lixo espacial traz à tona preocupações sobre o impacto ambiental causado pela queima desses materiais, que libera substâncias químicas tóxicas na atmosfera. Marcelo alerta que, embora o número de reentradas ainda seja pequeno, é um tema que merece atenção. "Já existem estudos sobre os impactos ambientais de lixo espacial, e precisamos compreender melhor essas contaminações na atmosfera", enfatizou.
Para aqueles que avistaram este fenômeno, a Rede Exoss disponibiliza um formulário online para relatar observações, contribuindo para o entendimento dos cientistas sobre esses eventos. É uma maneira de engajar a população e fomentar o interesse pela astronomia e pelos fenômenos que ocorrem em nosso céu.