Israel está em vias de implementar um plano polêmico que envolve o deslocamento de 600 mil palestinos para uma nova "cidade humanitária" em Rafah, conforme declarado pelo ministro da Defesa, Israel Katz. O plano, que inclui triagem de segurança e um amplo isolamento militar, é encarado por ativistas como uma tentativa de expulsar os palestinos de Gaza. A ONU condena a ação, classificando-a como "limpeza étnica".
Em uma reunião em Washington, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente dos EUA, Donald Trump, discutiram a expulsão da população civil palestina de Gaza. Katz revelou que o Exército foi instruído a estabelecer uma nova área em Rafah, onde os civis devem ser reunidos. Essa operação é vista por muitos como um grande campo de confinamento disfarçado de assistência humanitária.
Katz mencionou que a prioridade seria enviar os habitantes da costa de al-Mawasi, mas a intenção é eventualmente transferir toda a população de cerca de 2,1 milhões de palestinos para a nova estrutura. Para entrar na área proposta, os palestinos seriam submetidos a uma triagem de segurança. O Exército encarregaria-se de isolar o local, deixando a administração e distribuição de ajuda às organizações internacionais.
Activistas humanitários estão alarmados com a ideia, descrevendo o plano como uma violação do direito internacional e um crime de guerra potencial. Namara, ativista de direitos humanos, criticou a retórica do governo israelense que o considera uma migração voluntária, dizendo que é inaceitável referir-se a essa transferência forçada como consentida.
O advogado Michael Sfard, especialista em direitos humanos, condenou a estratégia, alegando que a realidade em Gaza torna qualquer "escolha" não consensual. A ONU reiterou que essa transferência de população em território ocupado se assemelha à limpeza étnica.
Durante a reunião na Casa Branca, Trump fez sugestões sobre como países como Egito e Jordânia poderiam ser alvos para reassentamento dos palestinos, ideia que foi rejeitada pelas nações árabes. Netanyahu ressaltou o compromisso de trabalhar com os EUA para encontrar novos lares para os palestinos, descrevendo-o como uma 'livre escolha'.
Após reiniciar suas operações militares em Gaza, Israel aprovou planos para expandir seu controle sobre o território. Embora Trump tenha alegado que o Hamas está interessadono cessar-fogo, as negociações ainda se encontram em estágios iniciais, com o Catar mediando as discussões. Retratos conflitantes de um possível acordo de paz permanecem, enquanto o número de baixas continua a aumentar em Gaza.
Não está claro se a ideia apresentada por Katz tem relação com a proposta da Fundação Humanitária de Gaza, que, segundo relatos, mencionou a criação de áreas de trânsito humanitário no enclave. Contudo, a fundação rapidamente negou a autoria do plano, chamando a cobertura da imprensa de uma "caça às bruxas" e enfatizando que a verdade deve prevalecer.
(Com NYT)