Redução da Pobreza Revela Avanços do Bolsa Família no Brasil
A pobreza no Brasil atingiu seu menor nível desde 2012, conforme aponta a Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Este avanço é creditado, em grande parte, aos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Embora os números sejam encorajadores, a realidade socioeconômica de segmentos específicos da população ainda exige atenção especial.
Segundo João Mário de França, pesquisador do FGV Ibre, a queda da pobreza extrema é um indicador positivo que demonstra a eficácia dos programas assistenciais no país. Com os benefícios sociais, a taxa de pessoas vivendo em extrema pobreza poderia ter saltado de 3,5% para 10%, e o percentual de pobres de 23,1% para 28,7% até 2024. Isso ressalta a importância do Bolsa Família como uma ferramenta vital na luta contra a pobreza.
No entanto, a transformação do perfil da pobreza no Brasil, que é predominantemente composto por mulheres negras, exige mais do que apenas auxílio financeiro. "Para mudar a cara da pobreza no Brasil — dominada em sua maioria por mulheres negras que representam um terço dos brasileiros na extrema pobreza — é preciso ir além", afirma França.
- Educação de Qualidade: A educação é apontada como um pilar essencial para a mobilidade social. A inclusão de critérios de permanência na escola para receber os benefícios do Bolsa Família e programas como o Pé-de-Meia é fundamental.
- Desigualdades de Gênero e Raça: As políticas públicas precisam atender às desigualdades que afetam principalmente mulheres e jovens negros. Isso inclui a criação de creches em tempo integral e programas de amparo a idosos.
- Papel do Mercado de Trabalho: Além dos programas assistenciais, o acesso a oportunidades no mercado de trabalho deve ser ampliado para garantir a inclusão de todos os grupos sociais.
Da mesma forma, França enfatiza que o preconceito e a discriminação enfrentados por esses grupos limitam seu acesso a recursos e oportunidades. "A questão educacional é preponderante para alterar essa dinâmica de pobreza atrelada à cor e gênero. É necessário garantir acesso a uma educação de qualidade para oferecer condições igualitárias de concorrência", conclui.
A luta contra a pobreza no Brasil é complexa e multidimensional, e a combinação de transferência de renda, acesso à educação e políticas públicas direcionadas é essencial para garantir que, em um futuro próximo, a pobreza não tenha um rosto definido por gênero e raça.