O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, uma decisão polêmica que surge em resposta a declarações fortes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontros do Brics, onde criticou o domínio do dólar nas transações comerciais globais.
A medida exclusiva contra o Brasil, efetiva a partir de 1º de agosto, reflete a postura de Trump de apoiar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está enfrentando desafios legais em seu país. Trump já havia expressado seu descontentamento com a iniciativa do Brics de utilizar moedas locais em transações, o que, segundo ele, representa uma ameaça ao que considera ser um poder econômico inquestionável do dólar.
As reações ao tarifaço foram mistas. Enquanto China e Índia, outros membros do Brics, optaram por uma crítica diplomática mais contida, o Brasil se tornou o alvo direto da ação de Trump. Em uma carta ao presidente Lula, Trump enfatizou que a tarifa é uma forma de se alinhar com seu aliado político no Brasil, desafiando normas de comércio internacional.
O interesse do governo Trump em atacar Lula é claro, especialmente em meio a um contexto política onde bolsonaristas e trumpistas estavam clamando por sanções mais rigorosas, direcionadas a figuras como o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF). Novas investigações jornalísticas revelaram que a ação drástica de Trump foi vista como uma tentativa de pressionar Bolsonaro, prometendo efetivamente livrá-lo das consequências de sua situação legal.
Os encontros do Brics, que testemunharam uma retórica mais agressiva de Lula em relação a Trump, acirrou ainda mais a tensão. As críticas diplomáticas da China em relação às tarifas de Trump foram feitas de maneira cautelosa, com o presidente Xi Jinping buscando negociar diretamente com o líder americano, enquanto o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, manteve uma postura semelhante, evitando confrontos diretos.
Na prática, a China está um passo à frente ao implementar um sistema comercial baseado no yuan, ao contrário do Brasil, que ainda não consegue operacionalizar o uso efetivo de moedas locais, nem mesmo entre seus sócios do Mercosul. O Banco do Povo da China criou uma rede de pagamentos internacionais que utiliza a moeda local em transações com mais de cem países, fortalecendo sua posição no cenário econômico global.
Enquanto isso, o Brasil mantém suas reservas a uma fração das reservas da China, que totalizam cerca de US$ 3,2 trilhões em ativos, muitos deles em dólares americanos. Essa disparidade destaca as complexidades nas relações comerciais internacionais e a dependência de países como o Brasil em relação à negociação com os Estados Unidos.
A postura agressiva de Trump em relação ao Brasil reafirma seu estilo autoritário, que já causou indignação em diversos setores. Contudo, a realidade do comércio internacional é que muitos países, incluindo potências como a China e a Índia, ainda precisam estabelecer relações comerciais sólidas com Washington, não importando as ignomínias políticas que possam surgir nesse contexto.