Aplausos à Morte de Civis: Um Problema Moral
Aplaudir a morte de civis, sejam eles judeus ou árabes, levanta uma intensa discussão moral, especialmente no contexto dos conflitos do Oriente Médio. O antissemitismo, muitas vezes invisibilizado, se disfarça sob a lógica de discursos políticos legítimos e imperceptíveis a muitos.
Contexto dos Conflitos e a Reação de Israel
No dia 13 de junho, Israel decidiu responder a um ataque ao seu território, intensificando os conflitos já existentes com o Irã. A decisão de atacar veio em resposta ao avanço do programa nuclear iraniano, um fato considerado por Israel como uma ameaça à estabilidade regional. O Irã é percebido como um financiador de grupos terroristas em várias regiões e condutor de ações diretamente ligadas a ataques como o do Hamas, que resultou na morte de cerca de 1.200 israelenses em 7 de outubro de 2023.
A Manipulação do Discurso Político
A discussão sobre o caráter da ação militar de Netanyahu revela um dilema complexo: seria essa uma manobra de sobrevivência política? Independentemente da intenção por trás da ação, o regime iraniano é visto como uma ameaça concreta por muitos analistas.
O Antissemitismo e Seu Encobrimento
Quando confrontados com a presença de antissemitismo no discurso atual, muitas pessoas preferem negar sua existência, frequentemente utilizando a justificativa de que a crítica é direcionada ao sionismo e não aos judeus. No entanto, essa inversão moral gera consequências prejudiciais, especialmente para aqueles que criticam as ações de Netanyahu, sendo tachados de "sionistas" – uma equivalência moderna e progressista à antiga acusação de comunismo.
As Estruturas do Ódio Seletivo
O estruturalismo do antissemitismo é comparável ao racismo: muitos só reconhecem o racismo em manifestações explícitas. O antissemitismo opera em camadas, camuflado sob a legitimidade política. As percepções equivocadas das identidades judaicas e israelenses como homogêneas e brancas favorecem essa negação. Uma parte significativa da população israelense, aproximadamente 20%, é árabe, e isso frequentemente é esquecido sob a narrativa maniqueísta dos conflitos.
Desafiando as Narrações Dominantes
A crítica ao ódio seletivo não implica em justificar os crimes de guerra cometidos em Gaza, nem em minimizar o sofrimento do povo palestino. É uma rejeição ao aplauso pela morte de civis, que, ao ser normalizado, representa um problema que vai além da política, adentrando o campo moral.
*João Torquato é analista de comunicação do Instituto Brasil-Israel e ativista do Movimento Negro.