O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, retorna ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (13) para depor no âmbito de três ações penais relacionadas à tentativa de golpe de Estado em 2022. Cid fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e fornecerá informações sobre processos que envolvem 23 réus de diferentes núcleos da trama golpista.
As ações penais abrangem três grupos distintos: o núcleo de gerenciamento de ações com seis acusados, o núcleo das ações coercitivas com dez réus e o núcleo das operações estratégicas de desinformação, que conta com sete envolvidos. Cid já havia sido interrogado anteriormente em junho, quando também participou da ação contra o núcleo crucial da organização criminosa, no qual é um dos réus.
Informações Cruciais no Depoimento
No depoimento de junho, Cid confirmou a tentativa de golpe, afirmando que a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) é verdadeira e que ele presenciou grande parte dos acontecimentos, embora negasse participação direta. O militar reforçou que não foi coagido a fornecer informações e corroborou relatos de sessões anteriores.
Minuta do Golpe e Pressão em Relatórios
Cid afirmou que Bolsonaro leu e alterou uma minuta que previa medidas autoritárias, incluindo prisões de autoridades, e que pressionou o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por um relatório desfavorável sobre as urnas eletrônicas. O relatório apresentado pelas Forças Armadas não apontou fraudes, mas indicou a possibilidade de falhas, algo que foi silenciado sob orientação de Bolsonaro.
Recursos e Monitoramento
O ex-ajudante também relatou que recebeu recursos de Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, e que houve um plano de monitoramento de atividades do ministro Alexandre de Moraes. Na narrativa de Cid, a pressão de militares resultou em um cenário de incerteza e manipulação das investigações sobre o processo eleitoral.
Planos de Assassinato e Conexões Militares
Um dos pontos mais alarmantes do depoimento foi a menção a um plano de assassinar o presidente Lula, revelando um ambiente de conluio entre militares e a liderança política em ações contra figuras públicas. O plano, que ficou conhecido como "Punhal Verde e Amarelo", foi desmantelado pela Polícia Federal durante investigações.
Perspectivas e Implicações Legais
As declarações de Mauro Cid podem ter impacto significativo nas investigações sobre tentativas de desestabilização do governo e nas ações que levaram aos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, onde houve ataques às instituições brasileiras. A oitiva evidência a intricada teia de relações entre os golpistas, confirmando o papel de figuras proeminentes na orquestração dos planos. As repercussões legais para os envolvidos continuam a se desdobrar enquanto o STF avança nas audiências e investigações em andamentos.