Barcelona enfrenta desafios na habitação social
A cidade de Barcelona avança na construção de sete edifícios que destinam 30% das suas unidades para habitação de proteção, mesmo diante de entraves legislativos significativos. O alcaide Jaume Collboni, após dois anos de negociações, desistiu da reformulação da norma urbanística, uma proposta que visava flexibilizar a obrigatoriedade imposta por sua antecessora, Ada Colau. A falta de apoio do partido Junts levou à paralisia da reforma, deixando esta questão em suspenso até um novo mandato.
I-Now investe em novos projetos
A I-Now, uma das poucas empresas dispostas a continuar investindo na construção de habitações em Barcelona, já completou um edifício de 19 apartamentos, dos quais cinco são destinados à habitação protegida. A empresa também está próxima de finalizar um segundo prédio com 11 apartamentos, três deles protegidos, e possui mais dois projetos em andamento nas áreas de Guinardó e Badal, além de licenças para mais três edifícios na Zona Franca.
O impacto da norma no setor imobiliário
Ramon Triquell Monfort, CEO da I-Now, reconhece que a exigência de 30% de habitação social é uma medida "social relevante", mas que tem um impacto negativo nos margens de rentabilidade. Ele aponta que, embora a demanda por habitação nova permaneça alta em Barcelona, as complicações administrativas e a incerteza sobre a norma tornam a operação arriscada. A rentabilidade que antes girava em torno de 15% caiu para cerca de 10%, e poderia descer a 5%-8% com a nova norma.
Desafios administrativos para construtores
Triquell critica a morosidade do processo administrativo, que muitas vezes resulta em atrasos. Projetos podem se arrastar por anos, e a falta de comunicação eficaz entre as autoridades e os promotores pode agravar ainda mais a situação. "Esperávamos mais sensibilidade por parte da administração em relação aos projetos que incluem habitação social", enfatiza.
Demandas e expectativas futuras
Enquanto a demanda por unidades habitacionais protegidas é evidente, com centenas de pedidos em resposta a novos empreendimentos, o engenheiro questiona a abordagem do governo em relação à oferta habitacional. Ele espera uma revisão futura da norma que reconheça as complexidades do setor e permita uma unificação dos projetos como forma de mitigar obstáculos. Triquell acredita que a monetização poderia ser uma alternativa viável, onde os promotores contribuiriam financeiramente para a construção de habitações protegidas, em vez de serem obrigados a construir unidades próprias.
Esse cenário revela a necessidade urgente de um diálogo mais eficaz entre o setor privado e as autoridades municipais, com o objetivo de facilitar a construção e a oferta de habitação acessível para os habitantes de Barcelona.