Proibição de Acesso ao Mar Endurece em Gaza
Israel intensificou a proibição do acesso palestino ao Mar Mediterrâneo na Faixa de Gaza, aprofundando a crise humanitária. Desde outubro de 2023, essa medida permanecia raramente aplicada, mas agora impede que a população utilize o mar para banho e pesca, atividades essenciais diante do calor extremo e a escassez de água potável. A infraestrutura local colapsou e a maior parte da população enfrenta deslocamento, adicionando uma camada de desespero à situação na região.
Medidas de Segurança e Riscos Aumentam
Nesta quarta-feira, o Exército de Israel reiterou a proibição de acesso ao mar, citando riscos associados à aproximação da costa, embora não tenha especificado a duração da restrição. O porta-voz militar, Avichay Adraee, alertou pescadores e nadadores através da rede X. "Entrar na praia e nas águas ao longo de toda a Faixa de Gaza coloca suas vidas em risco". A imposição de restrições rigorosas se alinha com o histórico militar da área, mas ressalta a necessidade de controle em um contexto de guerra que já dura 21 meses.
Desespero da População de Gaza
A proibição provocou indignação entre os palestinos que já enfrentam uma severa crise de fome e sede em acampamentos superlotados. Rajaa Qudeih, mãe de dois filhos, expressou sua angústia ao jornal Haaretz: "Estou literalmente tonta de fome, sede e calor. Gaza está passando pela pior fase de fome. O mar era a única saída que restava". A impotência da população é palpável, com muitos questionando como garantir a segurança de seus filhos em um ambiente tão hostil.
Cenário de Deslocamento e Necessidades Básicas
A crise se agrava pelo deslocamento forçado de mais de 90% da população de Gaza, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Sem acesso a saneamento básico, muitos recorrem ao mar para necessidades de higiene. A proibição pode amplificar os riscos de doenças e insolação, conforme alertam organizações internacionais que observam a situação. Mais de 95% da população sofre com a escassez severa de água potável, revelando um colapso na infraestrutura hídrica local, conforme dados da Coastal Municipalities Water Utility.
Efeitos da Guerra sobre a Indústria Pesqueira
A pesca, uma atividade vital antes do início do conflito, foi severamente afetada pela proibição. Antes da guerra, milhares de palestinos dependiam da pesca como meio de sustento. Mais de 210 pescadores já foram mortos desde o início do conflito, conforme dados da ONU. A guerra começou após um ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, resultando em um elevado número de mortes, sendo a maioria civis. O Ministério da Saúde de Gaza alegou que até agora, mais de 58.026 palestinos, também na maioria civis, morreram em consequência das ações de retaliação de Israel, números considerados confiáveis pelas Nações Unidas.