Um novo estudo conduzido por pesquisadores de Boston College aponta que a adoção de uma semana de trabalho de quatro dias, sem redução salarial, pode ser extremamente benéfica para os trabalhadores. A pesquisa, publicada na revista Nature Human Behavior, envolveu cerca de 3.000 trabalhadores de 141 empresas durante um período de seis meses, onde foi analisado o impacto de uma carga de trabalho reduzida em comparação com aqueles que mantiveram a jornada tradicional de cinco dias.
Os resultados mostram que os funcionários que adotaram a nova rotina reportaram melhorias significativas em sua satisfação no trabalho e diminuíram os níveis de burnout. De acordo com o estudo, essas mudanças foram mais marcantes entre aqueles que reduziram a jornada de trabalho em oito horas ou mais. Os dados revelam que a experiência de um ambiente de trabalho mais equilibrado teve um efeito positivo direto na saúde mental e física dos empregados.
Durante uma conversa com jornalistas, os autores do estudo, Wen Fan e Juliet Schor, destacaram a relevância e os objetivos da pesquisa. Para Schor, que tem um histórico de estudos sobre o bem-estar dos trabalhadores, a pandemia intensificou a discussão sobre a diminuição da carga horária. Fan complementou explicando que foi uma colaboração frutífera, unindo suas experiências em criar um estudo robusto que evidenciasse os benefícios da nova abordagem.
Entre as principais conclusões do estudo, Fan ressaltou que a redução da jornada de trabalho não só melhora a satisfação dos empregados, mas também reduz a fadiga e os problemas de sono. Esses fatores estão diretamente relacionados ao aumento da produtividade e ao fortalecimento da saúde mental dos trabalhadores. Por outro lado, as empresas que participaram da pesquisa apresentaram resultados favoráveis, mostrando que a mudança pode ser vantajosa também para as organizações.
Ao discutir as implicações dessa pesquisa, Schor sublinhou o potencial de transformação que uma semana de trabalho de quatro dias pode oferecer. "Essas intervenções podem beneficiar tanto os trabalhadores quanto as empresas, incentivando um ambiente mais saudável e melhorando a lealdade e a produtividade dos empregados", destacou. Porém, os pesquisadores também alertaram sobre a necessidade de mais estudos, especialmente em empresas de maior porte e no setor de serviços, onde a adoção pode enfrentar desafios específicos.
Fan mencionou que já estão sendo realizados acompanhamentos adicionais para verificar a continuidade dos benefícios, e os primeiros dados indicam que as melhorias se mantêm estáveis além do período de pesquisa inicial. Os pesquisadores também destacam que a troca de uma rotina de trabalho pode levar a uma nova percepção sobre a cultura organizacional, contribuindo para um ambiente mais saudável e produtivo no longo prazo.