Minaçu, uma cidade localizada na região norte de Goiás, está chamando a atenção internacional após o início da extração e comercialização de terras raras. Até então conhecida por sua atividade na mineração de amianto, a cidade se posiciona agora como um polo importantíssimo neste segmento, com a mineradora Serra Verde Pesquisa e Mineração estabelecendo-se como a única fora da Ásia a produzir quatro elementos magnéticos indispensáveis para a tecnologia moderna.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a mineradora, que começou sua produção comercial em janeiro de 2024, produz um concentrado que inclui disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Os quatro elementos são fundamentais para a fabricação de ímãs permanentes, usados em uma ampla gama de aplicações, incluindo veículos elétricos e turbinas eólicas.
Ricardo Grossi, presidente da Serra Verde, ressaltou a importância desses materiais: "Esses quatro elementos são essenciais para a fabricação de ímãs permanentes, amplamente utilizados em veículos elétricos, turbinas eólicas e outras tecnologias limpas". A mineradora atualmente conta com cerca de 400 funcionários, sendo 72% da mão de obra proveniente da própria comunidade de Minaçu, que tem aproximadamente 27 mil habitantes.
Atualmente, o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, perdendo apenas para a China, que representa mais de 60% da produção e 90% do refino global desses elementos. O Ministério de Minas e Energia destacou o potencial estratégico do Brasil na transição energética global e no fornecimento de minerais críticos, dado que as terras raras desempenham um papel crescente na indústria de tecnologia e energia renovável.
Minaçu também se destacou com exportações significativas de terras raras. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços relatam que em maio de 2025, Goiás exportou 60 toneladas, gerando uma receita de US$ 965 mil, e em fevereiro do mesmo ano foram 419 toneladas, somando US$ 5,7 milhões. Esses números reforçam a importância em crescimento das terras raras na economia local e nacional.
Além disso, a Serra Verde possui um grande depósito de argilas iônicas, o que apresenta vantagens ambientais, uma vez que a empresa utiliza um método de mineração com baixo impacto, sem a necessidade de detonações ou produtos químicos perigosos. Este processo sustentável busca minimizar o uso da água e maximizar o uso de energia renovável, resultando em uma das menores pegadas de carbono na indústria.
A cidade está passando por uma transformação econômica significativa com o foco nas terras raras, o que representa uma mudança notável em relação ao passado centrado no amianto, cuja extração foi severamente restringida após considerações de saúde pública. Com um investimento de aproximadamente R$ 3 bilhões na exploração de terras raras, o futuro parece promissor para Minaçu, com expectativas de aumento na produção entre 2027 e 2028.
Conforme ressaltou o prefeito Carlos Leréia, a Serra Verde é uma esperança renovada para a cidade, promovendo novos empregos e melhorando a infraestrutura local. Neste contexto, a transição dos antigos métodos de mineração para novos está em andamento, o que mudará a paisagem econômica e social da região.
Por fim, a perspectiva para as terras raras no Brasil está atada não apenas ao aumento da produção, mas também ao desenvolvimento de tecnologias locais para processamento desses minerais, algo que, segundo especialistas, ainda está em fase inicial no país. A necessidade de iniciativas que incentivem o desenvolvimento tecnológico é crucial para que o Brasil não apenas aproveite suas reservas, mas também se torne um líder no mercado global de minerais raros.