Desafios Financeiros para Enfrentar as Mudanças Climáticas
As mudanças climáticas representam um dos mais sérios desafios globais, especialmente quando se trata de financiamento para ações de mitigação e adaptação. Desde a Conferência das Partes realizada no Rio de Janeiro em 1992, ficou evidente que conter o aquecimento do planeta exigiria um investimento significativo, com a expectativa de que os países mais ricos contribuíssem de forma proporcional.
Contexto Histórico das COPs
A COP30, que ocorre no Brasil, traz à tona debates já conhecidos. No início da década de 1990, a preocupação com a mudança climática era crescente. O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, estabeleceu metas de redução de emissões, mas falhou em estabelecer um mecanismo sólido de financiamento. O foco inicial estava na "mitigação", ou seja, na necessidade de parar a poluição e promover o aumento das florestas para equilibrar o meio ambiente.
Custos e Exemplos Locais
Um exemplo prático desse desafio pode ser visto em uma fábrica de cerveja em Belém do Pará, que trocou o uso de combustíveis fósseis por biomassa, uma solução viável na região. Embora tenham conseguido reduzir sua emissão de carbono, o custo dessa adaptação foi de R$ 300 mil para uma única caldeira. Essa realidade mostra a complexidade e as dificuldades em alterar a matriz energética de um país inteiro.
A Necessidade de Adaptação Financeira
Com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como secas e inundações, a necessidade de medidas de adaptação tornou-se urgente. “A falha em responder à necessidade urgente de mitigação levou ao acirramento e à intensificação dos eventos climáticos”, afirma Tatiana Oliveira, do WWF-Brasil. Essa realidade levou a COPs a reconhecer a importância de alocar recursos para a adaptação das cidades e países às novas condições climáticas.
Compromissos Financeiros Progressivos
A partir da COP7 em Marrakech, houve um avanço nas discussões sobre financiamento para adaptação, culminando na promissão de US$ 100 bilhões anuais na COP15 para apoiar países em desenvolvimento. Porém, muitas perguntas ainda permanecem sem resposta sobre como garantir esses fundos, especialmente após a histórica decisão na COP27 que incluiu pagamentos por perdas e danos causadas pelas mudanças climáticas.
Perspectivas Futuras e Economistas Reunidos
Na COP29, um novo compromisso foi feito: os países ricos se comprometeram a aumentar o financiamento para US$ 300 bilhões por ano, com um objetivo ambicioso de alcançar US$ 1,3 trilhão. O governo brasileiro tem trabalhado com economistas internacionais, incluindo três vencedores do Prêmio Nobel, para desenvolver estratégias de financiamento. O economista José Alexandre Scheinkman defende que o engajamento de investidores e empresários é essencial para a resolução deste problema. Segundo ele, a questão deve ser tratada como uma oportunidade de negócios em vez de uma simples dívida a ser cobrada.