A recente abertura de uma investigação pelo Escritório do Inspector Geral (IG) do Departamento de Transporte dos EUA sobre a administração do espaço aéreo em torno do Aeroporto Nacional Ronald Reagan em Washington, D.C., destaca preocupações sérias após um trágico acidente. O inquérito foi impulsionado pela colisão que ocorreu em janeiro, quando um helicóptero Black Hawk do Exército dos EUA se chocou com um jato regional da American Airlines, resultando na morte de 67 pessoas.
Este incidente é apenas o mais recente de uma série de quase-desastres no aeroporto, onde, segundo o Conselho Nacional de Segurança no Transporte, foram registrados 15 mil incidentes de proximidade entre outubro de 2021 e dezembro de 2024, muitos envolvendo aeronaves comerciais. Nos últimos dias, uma audiência investigativa sobre a colisão revelou que apenas um controlador de tráfego aéreo estava gerenciando o tráfego de helicópteros e aviões durante o incidente. Ademais, o helicóptero envolvido apresentava um problema técnico que impediu o funcionamento do dispositivo ADS-B Out, responsável por transmitir informações essenciais sobre sua posição e altitude para o controle de tráfego e outras aeronaves.
As políticas do aeroporto não exigiam que helicópteros transmitissem dados do ADS-B Out no momento do incidente, conforme um funcionário do Exército que depôs na audiência. Em resposta a esses eventos, o Escritório do IG conduzirá uma investigação aprofundada das políticas e procedimentos do FAA em relação às isenções do ADS-B Out no aeroporto e como a agência gerencia o controle de tráfego aéreo. A análise terá início ainda este mês e suas conclusões são aguardadas com grande expectativa.
A escassez de controladores de tráfego aéreo é uma preocupação de longa data, exacerbada pela congelamento de contratações durante a administração Trump — que também tentou impedir a aposentadoria de ATCs após os 56 anos, mesmo diante da necessidade de profissionais alertas e capacitados. O fato de que continuamente ocorrem quase colisões, incluindo um incidente não fatal na pista do Reagan que envolveu uma aeronave com membros do Congresso a bordo, sugere que problemas fundamentais na operação do FAA ainda precisam ser endereçados.
Além disso, a situação política atual pode complicar a implementação de melhorias. A demissão do então Inspector Geral do Departamento de Transporte, feita por Trump, deixou o escritório sob a responsabilidade de um IG interino e sem assessor jurídico principal. Ao longo do tempo, as declarações de Trump sobre a colisão, que incluem menções a contratações baseadas em diversidade, também não contribuíram para reforçar a confiança em uma reforma significativa nas práticas da FAA.
Assim, a investigação se torna não apenas crucial para a segurança dos céus de Washington D.C., mas também um reflexo das falhas administrativas que podem reverberar em todo o sistema de aviação dos EUA.