O Tocantins registrou mais de 4 mil ocorrências de violência contra a mulher em 2025, um número que, apesar da redução em relação a 2024, quando foram documentados 6.640 casos, continua alarmante. Muitas tocantinenses ainda vivem sob o medo dessa realidade. Uma delas é Maria (nome fictício), de 43 anos, que sofreu diversas agressões de seu companheiro em Palmas.
Maria relatou um relacionamento marcado pela violência, onde as agressões se alternavam com apelos emocionais do agressor. "Ele voltava e me rondava, dizendo ter se arrependido, que precisava de mim. A situação foi ficando difícil e ele foi piorando", afirmou. O ápice da violência ocorreu quando ele a derrubou com um chute na canela, resultando em uma fratura na perna esquerda que foi constatada em uma UPA.
Os dados da Polícia Civil indicam que, entre o dia 1º de janeiro e 6 de agosto deste ano, foram registrados 4.028 casos de violência contra a mulher. Desses, 2.575 foram denúncias de ameaças e 1.453 referentes a lesões corporais, tanto leves quanto graves. A capital Palmas lidera o ranking de ocorrências, seguida por Araguaína e Gurupi.
- Palmas: 1.023 casos
- Araguaína: 479 casos
- Gurupi: 232 casos
A violência contra Maria não foi apenas física; ela também enfrentou abusos psicológicos. "Eu não podia ir ao trabalho sozinha, fui proibida de ter contato com outras pessoas. Ele tomou meu telefone e me isolou", desabafou. A última agressão aconteceu quando o agressor chegou em casa sob efeito de bebidas e iniciou um ataque violento, que só foi interrompido pela intervenção de pessoas que estavam próximas.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que Maria foi acolhida no Hospital Geral de Palmas, onde recebeu os cuidados necessários e teve alta no dia 5 de agosto. O nome do suspeito não pôde ser revelado, pois o caso está sob segredo de justiça. A 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) instaurou um inquérito policial que segue em sigilo.
A Lei Maria da Penha, aprovada em 2006, foi criada para combater a violência doméstica e familiar, estabelecendo medidas de proteção às vítimas, incluindo juizados especiais e medidas protetivas de urgência.
Para denunciar casos de violência contra a mulher, os cidadãos podem acionar os seguintes canais:
- Número 180, gratuito.
- Site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, do Governo Federal.
- Aplicativo Direitos Humanos Brasil.
- 190 da Polícia Militar em emergência.
- Registrar ocorrência em delegacias, preferencialmente nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM).
- Contactar Centros de Referência da Mulher para suporte psicológico e orientação jurídica.
Além disso, a violência contra a mulher é uma questão que requer a atenção de todos e a defesa de direitos humanos, conforme abordado em diversos eventos e conferências sobre o tema.