A Polícia Federal desmantelou um esquema de extorsão envolvendo policiais federais que cobravam propina de um empresário no Rio de Janeiro. Francisco D'elia Filho, de 57 anos, foi preso em flagrante nesta quinta-feira (6) por porte ilegal de armas e munições e é suspeito de ter subornado quatro policiais para obter vantagens ilícitas, como a criação de dossiês contra adversários.
De acordo com a investigação, D'elia Filho, sócio de empresas de turismo e consultoria, pagava uma "mesada" a três agentes federais e um policial militar da Diretoria Geral de Saúde. Em troca, ele recebeu um "kit policial" que incluía distintivo, arma, carteira e viatura, todos falsificados e sem validade.
Os policiais envolvidos são: o aposentado Josias João do Nascimento, o também aposentado Nylo Sérgio Silva, o papiloscopista Johny Schanuel da Silva e o sargento Rodrigo Coutinho Fernandes. Embora os suspeitos tenham sido alvos de buscas, até o momento, nenhum deles foi preso. A defesa dos acusados não foi contatada para comentários.
Uma determinação judicial impôs restrições severas: eles devem ser afastados das funções públicas, devolver as armas e distintivos, e estão proibidos de sair do Brasil ou de manter contato entre si. A investigação, que contou com a parceria do Ministério Público Federal, apontou que os policiais formavam uma organização criminosa, realizando extorsões frequentes contra D'elia Filho.
A operação é um desdobramento da Operação Cash Courier, que ocorria desde março contra tráfico internacional de armas. O policial aposentado Josias João do Nascimento, também conhecido como "Senhor do Senhor das Armas", é um dos principais alvos dessa operação, que revelaram um esquema que enviou fuzis ilegais dos Estados Unidos para o Brasil.
Histórico da Operação Cash Courier: a PF ligou Nascimento a uma rede que enviou aproximadamente 2 mil fuzis entre 2011 e 2018, utilizando métodos sofisticados para esconder as armas em equipamentos diversos. O esquema foi descoberto após a apreensão de 60 fuzis em 2017, em uma das maiores operações do Brasil. Josias foi identificado como o chefe dessa organização criminosa e estava em contato com Frederick Barbieri, condenado por tráfico internacional de armas nos Estados Unidos. O sequestro de R$ 50 milhões em bens e ativos ligados a esses indivíduos também foi determinado pela Justiça brasileira.