A Bolívia está à beira de uma crise econômica intensa, caracterizada pela escassez de dólares e longas filas para adquirir itens básicos como pão e gasolina, em meio à proximidade das eleições presidenciais marcadas para 17 de agosto. Nas últimas duas décadas, esta é a primeira vez que a esquerda não lidera as preferências eleitorais, com os candidatos de direita, o empresário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga dominando as pesquisas.
O cenário é crítico: na capital La Paz, cidadãos enfrentam dificuldades para encontrar produtos essenciais. Wilson Paz, um trabalhador autônomo, mencionou que passou por mais de dez padarias sem sucesso na busca por pão fresco, simbolizando a grave crise econômica que aflige o país. Ele expressou sua esperança de mudança, afirmando que o atual modelo econômico tem empobrecido muitas famílias.
A escassez de alimentos e combustíveis aprofunda os problemas sociais na Bolívia e amplia a insatisfação popular. O governo, liderado por Luis Arce, que não se candidatará à reeleição, enfrenta críticas por sua gestão econômica, em especial a ausência de reservas internacionais. Em um novo aparente movimento de desespero, Arce acusou parlamentares de serem os responsáveis pela falta de aprovação de projetos de lei que poderiam gerar financiamento externo.
Com a inflação atingindo níveis alarmantes, a falta de subsídios para diversos produtos alimentares está impactando diretamente o poder de compra da população. Embora o pão marraqueta seja um dos poucos itens cujo preço não subiu devido ao controle de preços, outros alimentos estão fora do alcance de muitos consumidores bolivianos que já acumulam dívidas para comprar o indispensável.
O governo utilizou suas reservas internacionais para subsidiar combustíveis e alimentos, mas, com a quase totalidade de suas reservas esgotadas, a situação se tornou crítica. O país agora importa gasolina e diesel, que são vendidos a preços mais baixos, mas a escassez de dólares resulta em constante falta desses produtos nas prateleiras.
Além das dificuldades econômicas, a Bolívia está lidando com um déficit fiscal em torno de 10%, e a queda nas exportações de gás natural, que já foram o motor da economia, tem gerado um déficit nas contas externas. O economista Napoleón Pacheco observa que a população está experimentando uma perda significativa de renda e que medidas severas são necessárias para evitar uma inflação desenfreada, alertando que o país se aproxima de uma possível hiperinflacão.
As eleições se aproximam em um ambiente de grande incerteza e desafio. Os próximos líderes terão a tarefa de implementar reformas profundas para estabilizar a economia e lidar com um povo cansado e desiludido. Cidadãos como Carlos Tavera, um aposentado socialista, expressam desespero e disposição para apoiar qualquer candidato que prometa melhorias, mesmo que isso signifique apoiar a oposição de direita no pleito.
À medida que o dia das eleições se aproxima, a expectativa é grande e a necessidade de mudanças é urgente. A trajetória da Bolívia nos próximos meses dependerá das decisões tomadas no próximo governo em um panorama de desafios extremos.