A Polícia Federal deflagrou na terça-feira (12) a operação Rastro Cirúrgico, focada no combate ao desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em São José do Rio Preto (SP), incluindo a residência de um médico em um condomínio de luxo.
Além de São José do Rio Preto, a operação se estendeu a Selvíria e Aparecida do Taboado, ambas no Mato Grosso do Sul, totalizando 13 mandados cumpridos. O valor dos bens sequestrados pode alcançar R$ 5 milhões por indivíduo investigado. Durante a operação, foram apreendidos veículos de alto valor, armas, motos e até pedras preciosas.
Os investigados foram afastados de suas funções públicas e estão impedidos de firmar novos contratos com o poder público. Entre os afastados, destaca-se um Secretário Municipal de Saúde, cujo nome e município ainda não foram revelados pela polícia.
A investigação revelou indícios de inexecução contratual, superfaturamento e sobrepreço em contratos administrativos. A Polícia ainda descobriu múltiplos contratos com objetos idênticos, vigência simultânea e as mesmas partes contratantes, resultando na possibilidade de pagamentos duplicados por um mesmo procedimento cirúrgico e serviços médicos. Em uma dessas situações, foi constatada a inexistência real de uma das clínicas contratadas.
O nome da operação, Rastro Cirúrgico, se refere à ausência de vestígios que os procedimentos médicos deveriam deixar, como prontuários e a utilização correta de salas cirúrgicas, que neste caso não ocorreram, evidenciando a inexecução contratual através de inspeções técnicas e auditorias.
Os crimes atribuídos aos envolvidos incluem peculato apropriação e desvio, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e associação criminosa, com penas que podem variar entre dez a 33 anos de prisão, dependendo da gravidade das infrações cometidas.