Operação do Ministério Público de São Paulo resulta em prisões de empresários
Nesta terça-feira (12), o Ministério Público de São Paulo desencadeou uma operação que resultou na prisão de importantes figuras do setor varejista. O proprietário da rede de farmácias Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor da rede de eletrodomésticos Fast Shop, Mario Otavio Gomes, foram detidos, junto com dois auditores fiscais envolvidos em um esquema de corrupção que acelerava a liberação de créditos tributários mediante pagamentos milionários.
Quadrilha e seus chefes
O auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de São Paulo, Artur Gomes da Silva Neto, foi identificado como o chefe da quadrilha. Ele, juntamente com outros suspeitos, tornou-se alvo de investigação após a descoberta de bens avaliados em quase R$ 1,2 milhão, incluindo quantias em dinheiro e esmeraldas, guardados em sua residência. O esquema estava estruturado para beneficiar redes varejistas com a liberação adulterada de créditos tributários, um direito que garante aos contribuintes a devolução de parte dos impostos ou a possibilidade de abater novas cobranças.
Documentos e provas contundentes
Durante a investigação, os promotores notaram um crescimento patrimonial explosivo de Kimio Muzikami da Silva, uma aposentada de 73 anos cujo patrimônio declarado saltou de R$ 411 mil para impressionantes R$ 2 bilhões. A origem dos recursos foi rastreada até a empresa de consultoria tributária Smart Tax, cujo endereço está vinculado ao auditor Artur Gomes. Ele usava seu cargo para acessar informações privilegiadas e manipulava a documentação de maneira que oralmente mantinha contato com os empresários envolvidos.
Interceptação de e-mails e novas revelações
As investigações revelaram trocas de e-mails indicativas da relação entre a Smart Tax, Sidney Oliveira e Mario Otávio Gomes. Neste contexto, os auditores fiscais ofereciam um serviço de aceleração irregular que visava driblar a fila de restituição dos créditos de ICMS. Em alguns casos, conseguiram facilitar os processos que normalmente demorariam mais de um ano. Além disso, suspeitas emergiram sobre a manipulação fraudulenta dos valores a serem devolvidos.
Prisão de outros envolvidos e desdobramentos da investigação
Além de Artur Gomes, foram presos também o auditor fiscal Marcelo de Almeida Gouveia e um casal separado pelas autoridades sob suspeita de lavagem de dinheiro, que guardava quantias em espécie e pedras preciosas. As investigações foram expandindo e outras empresas estarão sob análise por possíveis práticas semelhantes.
A defesa e reações institucionais
A defesa de Sidney Oliveira afirmou que ele celebrou um acordo com o Ministério Público, reconhecendo irregularidades tributárias com a homologação pela justiça e acordo em andamento para pagamento das quantias devidas. Em resposta, a Fast Shop declarou que não possuía informações sobre a investigação, mas afirmou estar colaborando com as autoridades. A Secretaria da Fazenda de São Paulo comunicou seu compromisso em combater a sonegação fiscal e a lavagem de dinheiro, além de instaurar um procedimento administrativo para acompanhar os desdobramentos do caso. Até o momento, o Jornal Nacional não obteve retorno das defesas dos demais envolvidos.