A recente medida do governo federal para combater a altas tarifas dos EUA tem gerado reações cautelosas entre os exportadores de tilápia brasileiros. O diretor de um dos maiores frigoríficos de Rifaina, Juliano Kubitza, considera algumas das iniciativas positivas, mas levanta preocupações sobre custos e viabilidade no mercado interno.
O setor pesqueiro se vê em um momento de incertezas, uma vez que a alíquota de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras impacta diretamente nas vendas, com o frigorífico processando diariamente 40 toneladas de peixe, onde 50% é enviado para o exterior. Em 2024, essa movimentação representou cerca de US$ 9 milhões em exportações.
Após o anúncio do pacote de medidas pelo presidente Lula, incluindo uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, Kubitza ressalta que embora a ajuda possa ser positiva, a dúvida persiste quanto ao custo deste financiamento, que precisará ser devolvido com juros. Ele argumenta que "a questão tributária" será determinante para entender o real benefício das medidas propostas.
As principais iniciativas incluem também créditos tributários que podem ser abatidos nas vendas ao exterior, variando de 3,1% a 6%, além da permissão para que governos locais façam compras públicas de alimentos, beneficiando merendas escolares e hospitais.
"Ainda estamos em um momento de percepção sobre como essas medidas vão se encaixar na prática", diz Kubitza, enfatizando que a dependência do mercado norte-americano é um grande desafio para o setor. Ele também adverte que, diferentemente de outros produtos, a tilápia não possui muitos destinos alternativos devido à sua concentração de consumo nos EUA.
Enquanto as medidas do governo são analisadas, Kubitza reforça a importância de buscar novos mercados e alternativas de exportação, não apenas para outros países, mas também para o mercado interno. "O Brasil tem uma grande população com potencial de consumo, e agora deve ser o momento de explorar isso", conclui o diretor, apontando para uma possível resistência e adaptação do setor em tempos incertos.
Essa visão é apoiada pelo economista Edgard Monforte Merlo, que afirma que a migração das ajudas governamentais para uma estratégia voltada para novos mercados é crucial para garantir a estabilidade do setor diante das oscilações de mercado.
"O importante é que na realidade você migre da ajuda para uma estratégia de novos mercados, aí sim você vai estar trabalhando para dar mais estabilidade e evitar que você fique tão vulnerável a uma ou duas economias", analisa Merlo.