Microsoft anunciou uma investigação sobre alegações de que sua tecnologia poderia estar sendo utilizada por Israel em um sistema de vigilância em Gaza. A decisão da empresa, publicada em 16 de agosto de 2025, segue um relatório do jornal The Guardian que destaca possíveis colaborações entre a empresa e a Unidade 8200, uma agência de inteligência israelense. A questão se tornou ainda mais urgente à medida que a companhia enfrentava intensos protestos tanto de seus funcionários quanto de ativistas que questionavam sua ética e suas práticas de negócios relacionadas a Israel.
Nos últimos dois anos, a Microsoft tem sido alvo de críticas por sua associação com o governo israelense, incluindo protestos em suas conferências e eventos corporativos. Notavelmente, até mesmo a comemoração do 50º aniversário da empresa foi marcada por gritos de um funcionário que chamou um executivo de "lucrador de guerra". A situação se agravou com a revelação de que os servidores de nuvem Azure da Microsoft poderiam estar fornecendo suporte para operações de vigilância em massa, com a alegação de que registros de chamadas telefônicas de milhões de palestinos estariam sendo coletados e armazenados.
A resposta da Microsoft ao relatório do The Guardian indicou que a empresa "aprecia" as novas alegações e que uma revisão cuidadosa será conduzida. Essa investigação será supervisionada pelos advogados do escritório Covington Burling. Em um comunicado anterior, a Microsoft enfatizou que, se estiver comprovado que Israel está utilizando o Azure para armazenamento de dados coletados de forma ampla e massiva, isso constituiria uma violação de seus termos de serviço.
Esta não é a primeira vez que a Microsoft se vê obrigada a investigar sua relação com o governo israelense. Uma anteriormente foi instaurada após os protestos de seus funcionários, e em uma declaração emitida em maio, a empresa afirmou não ter encontrado até então "evidências" de que suas tecnologias de inteligência artificial e Azure tenham sido usadas para prejudicar indivíduos no conflito.
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Outras empresas de tecnologia de grande porte, como Amazon e Google, também têm enfrentado acusações similares de cumplicidade nas operações militares de Israel. Um relatório da ONU divulgado em julho mencionou que essas companhias, incluindo a Microsoft, concederam acesso praticamente ilimitado às suas tecnologias de nuvem e inteligência artificial ao governo israelense, melhorando suas capacidades de processamento de dados, tomada de decisões e análise de informações.
Com as crescentes preocupações sobre privacidade e direitos humanos, a Microsoft se vê em uma encruzilhada, onde a necessidade de defender seus princípios éticos está sendo desafiada pelo potencial lucro nos contratos governamentais. A investigação atual pode não apenas afetar a reputação da empresa, mas também suas operações futuras em um mercado cada vez mais vigilante em relação à ética corporativa.