Um grupo de pessoas brancas se organizou nas Montanhas Ozark, no Arkansas, com a proposta de construir uma sociedade do zero, chamando-se "Return to the Land" (Retorno à Terra). Eles buscam criar uma comunidade que promova valores tradicionais dos Estados Unidos e acreditam ter uma ancestralidade comum. Segundo o site do grupo, a intenção é facilitar a harmonia econômica e social entre todos os grupos e indivíduos envolvidos no movimento.
Para se tornar parte da comunidade, os interessados devem passar por um processo de inscrição online, incluindo verificação de antecedentes criminais e análise de herança ancestral. O fundador do movimento, Eric Orwoll, comentou ao New York Times que a aceitação de pessoas não brancas é fortemente restrita. "Ver alguém que não se apresenta como branco pode nos levar a não admitir essa pessoa", afirmou Orwoll, enfatizando que o grupo se vê como uma associação livre de indivíduos.
As opiniões sobre o movimento são polarizadoras. Frequentes questionamentos nas redes sociais comparam a iniciativa ao nazismo, especialmente por citações do grupo que mencionam ideais de "sangue e solo", um conceito central do regime nazista. Em resposta, os integrantes tentam dissociar-se da ideologia extremista, afirmando que seu objetivo é criar comunidades seguras para descendentes de europeus. "Não somos uma milícia e não nos envolvemos em violência", relembra uma publicação do grupo.
A primeira comunidade do Return to the Land foi estabelecida em outubro de 2023, em um terreno de 60 hectares, e desde então outras duas comunidades foram fundadas, uma em janeiro de 2025 e outra em fase de construção.
A investigação sobre a legalidade das atividades do grupo foi aberta pelo procurador-geral do Arkansas, Tim Griffin, após preocupações sobre possíveis violações da Lei de Moradia Justa, que proíbe discriminação habitacional baseada em raça. A Diretora do Programa de Justiça Racial da ACLU, ReNika Moore, contestou o formato do grupo, afirmando que "segregar a moradia como um clube privado ainda é uma violação da lei federal".
Com uma crescente presença online, o grupo conta com 13,4 mil seguidores no X e 2.549 membros em seu canal no Telegram, além de uma página dedicada a conteúdo feminino. Essa situação levanta debates importantes sobre racismo, direitos civis e a legalidade de tais agrupamentos em um país que busca promover a igualdade de direitos.