O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, está em visita ao Brasil com um objetivo singular: negociar a retomada das operações da Chiquita Brands no país. Essa empresa, que empregava mais de 6 mil pessoas na província de Bocas del Toro, encerrou suas atividades após uma greve que resultou em demissões em massa. O governo panamenho almeja um acordo que possa reverter essas demissões e garantir a estabilidade na região, que tem enfrentado uma série de ações judiciais por parte de sindicatos locais.
A Chiquita Brands tinha sua base de operações na localidade de Changuinola e, como informou um ministro do governo, demitiu todos os seus funcionários em decorrência de protestos que paralisaram a atividade na área. José Raúl Mulino se reunirá com diretores da empresa em território brasileiro, uma decisão que, segundo o ministro do Comércio e Indústrias, Julio Moltó, espera-se que signifique o início de uma negociação positiva.
“As conversas com a companhia avançam de forma positiva”, disse Moltó. “Esperamos concretizar um bom acordo que permitirá à Chiquita voltar ao país.” Esta expectativa de que um acordo possa ser alcançado também foi corroborada por declarações do ministro, que ressaltou que boas notícias poderiam surgir até setembro ou mesmo no final deste mês.
No entanto, a situação é complexa. Francisco Smith, líder dos trabalhadores bananeiros, afirmou que ações judiciais estão sendo apresentadas contra a Chiquita devido a possíveis irregularidades e violações dos direitos trabalhistas. “A empresa não pode agir dessa forma e demitir os trabalhadores como fez”, argumentou Smith, fazendo eco aos sentimentos de muitos trabalhadores que se sentiram injustamente tratados.
O ministro Moltó também comentou que a Chiquita está avaliando as perdas financeiras e a viabilidade de uma nova contratação de pessoal, evidenciando que a empresa exigiria garantias para que suas rotas não sejam bloqueadas em caso de novos protestos, evitando assim uma repetição dos eventos que levaram à greve.
A tumultuosa greve teve início em 28 de abril, especificamente contra uma reforma nas pensões que retirou benefícios dos trabalhadores. Embora esses benefícios tenham sido restituídos após um acordo com o governo, a situação resultou em um bloqueio de mais de 40 pontos nas rotas em Bocas del Toro, causando desabastecimento de produtos básicos na região turística. A Chiquita alega que essa greve, considerada ilegal por um tribunal trabalhista, ocasionou perdas que podem ultrapassar 100 milhões de dólares.