Diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos, que elevam a sobretaxa para 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou as conversas internacionais, buscando apoio e alternativas comerciais. Em telefonema nesta quarta-feira (20) com Emmanuel Macron, presidente da França, Lula debatia a situação do comércio global e reafirmava a importância do multilateralismo e do livre comércio.
A ligação, que durou quase uma hora, abordou não apenas a questão das tarifas, mas também o avanço do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, a COP30 e a guerra entre Ucrânia e Rússia. Segundo informações do Palácio do Planalto, Lula criticou a utilização de tarifas comerciais como instrumentos políticos contra o Brasil e fez um relato sobre as medidas adotadas para proteger os trabalhadores e empresas brasileiras.
Nas últimas semanas, o presidente Lula já havia conversado com líderes de outras nações, comoXi Jinping da China e Vladimir Putin da Rússia, buscando ampliar as relações comerciais e explorar novos mercados para os produtos que estão sobrecarregados com taxas nos EUA. O Brasil já acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) em resposta às investigações comerciais dos EUA, mas as negociações parecem bloqueadas. De acordo com assessores, a mudança nas tarifas depende diretamente da administração Trump, que condiciona a resolução de conflitos à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Avanços nas Negociações do Mercosul
Durante a conversa com Macron, Lula e o presidente francês manifestaram a intenção de finalizar as discussões para a assinatura de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ainda neste semestre. A França tem se mostrado hesitante, preocupada com possíveis impactos sobre seus agricultores. Contudo, o presidente brasileiro enfatiza que, em um cenário de tarifaço, é essencial fortalecer os laços comerciais com a União Europeia.
Além disso, Lula manifesta o desejo de priorizar conversas com países asiáticos, incluindo Japão, Vietnã e Indonésia. Uma cúpula virtual do Brics também está em planos para setembro, com foco na defesa do multilateralismo.
Compromissos Climáticos e Conflito na Ucrânia
Na conversa, Macron confirmou presença na COP30, marcada para novembro em Belém, onde Lula destacou a necessidade da União Europeia estabelecer metas de redução de emissões adequadas ao desafio climático global. O presidente brasileiro espera que a conferência gere compromissos sólidos para enfrentar a emergência climática.
Além das questões comerciais e climáticas, Lula e Macron discutiram a guerra entre Rússia e Ucrânia. Lula tem buscado uma posição de mediador desde o retorno ao cargo em 2023, e a conversa com Macron também abordou a reunião entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, refletindo os desdobramentos do conflito pela perspectiva global.