A Justiça de São Paulo iniciou o processo para decidir se Maicol Sales dos Santos será levado a júri popular, acusado de matar a adolescente Vitória Regina de Sousa, de apenas 17 anos. O crime ocorreu em fevereiro deste ano, quando Vitória desapareceu após sair de seu trabalho em Cajamar, na Grande São Paulo. Seu corpo foi encontrado em 5 de março, em uma área de mata, com sinais de violência.
Maicol, que foi preso no dia 8 de março e tem uma pena que pode chegar a 50 anos, confessou o crime, segundo informações da polícia. As autoridades alegam que o suspeito tinha um relacionamento com a jovem e a matou temendo que sua esposa descobrisse sobre a infidelidade. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Maicol em 29 de abril, atribuindo a ele crimes de sequestro, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual.
A audiência de hoje foi um importante marco no processo judicial, com um interrogatório agendado para o dia 19 de setembro. Enquanto isso, o promotor Jandir Moura Torres Neto afirmou que a investigação prossegue para verificar possíveis cúmplices no crime. Uma nova linha de investigação foi aberta após a descoberta de material genético não identificado no carro de Maicol, levantando suspeitas sobre a colaboração de terceiros na ocultação do corpo da vítima.
O crime, que chocou a sociedade, foi detalhado pelo promotor, que destaca a natureza brutal da ação. "É chocante você ver uma pessoa morrer pelo simples fato de ser mulher", afirmou. A acusação vê o caso sob uma perspectiva de misoginia, considerando o desprezo demonstrado pelo acusado, além de usar meios cruéis para dificultar a defesa da jovem.
O advogado de Maicol, no entanto, argumentou que seu cliente foi coagido a confessar o crime sob pressão policial. A defesa alega que Maicol estava presente no momento da confissão, mas questiona a legalidade do procedimento. Recentemente, laudos periciais do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram que o sangue encontrado no carro e na residência do suspeito é da vítima, reforçando assim as acusações contra ele.
O sentimento de indignação quanto ao tratamento dado às mulheres na sociedade é palpável, especialmente em casos como este, que revelam a necessidade de discussão e reforma na abordagem do feminicídio. A expectativa agora recai sobre o desenrolar do caso em tribunal e as possíveis sanções que serão aplicadas ao réu, dependendo das decisões judiciais que estão por vir.