Em 2023, 274.142 pessoas mudaram-se dentro da Catalunha, com cidades como Sabadell, Vilanova e Terrassa se destacando por acolher moradores de Barcelona em busca de habitação mais acessível. Esse fluxo crescente de migrantes para municípios vizinhos está chamando a atenção dos gestores locais, que alertam para a necessidade de adequação dos serviços públicos. Ana María Martínez, presidente do Arc Metropolità, advertiu que esses movimentos geram um aumento de população que "não pode ser absorvido" pelos serviços existentes.
Dados divulgados recentemente pelo Idescat indicam que 43% das mudanças de residência ocorreram dentro da mesma comarca, mas 57% corresponderam a transferências para outras áreas. Sabadell lidera a lista de municípios que atraem novos moradores, seguido de Vilanova i la Geltrú e Terrassa. A pesquisa destaca que cidades com saldo migratório positivo, como Maresme e Vallès, vivenciam essa dinâmica de maneira intensificada.
Esse fenômeno não é recente e, segundo o professor de Geografia Jordi Bayona, faz parte da realidade metropolitana há décadas. "O acesso à habitação em Barcelona se tornou praticamente impossível, expulsando uma parte da população", afirma. Ele ressalta que, enquanto a cidade continua a atrair jovens, aqueles em busca de um lar ou independência estão se afastando.
A tendência é corroborada pela Encuesta de Cohesión Urbana 2022, que revela que a parcela da população metropolitana que alterou sua residência aumentou de 8,8% em 2017 para 28% em 2022. A busca por uma habitação melhor representa 70% das mudanças, embora a crise econômica e a falta de imóveis acessíveis estejam se tornando fatores cada vez mais significativos, com 24% das trocas motivadas por essas questões.
Os destinos preferidos por aqueles que deixam Barcelona são municípios mais próximos e com boa infraestrutura, conforme aponta o sociólogo Sergio Porcel. Sabadell, atualmente com 225.430 residentes, experimenta o maior saldo migratório positivo, com crescimento notável constatado pela prefeita Marta Farrés. "Os novos moradores reconhecem as vantagens de um preço de habitação mais acessível e uma qualidade de vida superior", diz ela.
No entanto, o aumento populacional traz desafios, especialmente na oferta de serviços públicos. A prefeita enfatiza a necessidade de investimentos em transporte e saúde para evitar o colapso. Outros municípios, como Vilanova i la Geltrú, que ultrapassou 70.000 habitantes, já implementaram medidas como novas linhas de ônibus e expansão de serviços de limpeza, visando preparar suas infraestruturas para o crescimento.
Terrassa, que consolidou sua posição como a terceira cidade mais populosa, atingindo 233.362 habitantes, também está revisando planos urbanísticos para acomodar o aumento populacional, com uma previsão de 250.000 residentes até 2030.
O impacto da migração é multifacetado, com pessoas chegando geralmente de rendas mais baixas, o que aumenta a pressão sobre os recursos locais, adverte Ana María Martínez. Além disso, o fenômeno criminalidade correspondente pode ser um efeito colateral preocupante. O Arc Metropolità demanda ações significativas tanto em mobilidade quanto em habitação pública.
A construção de novas habitações está em alta na periferia rica de Barcelona, com comarcas como Baix Llobregat e Vallès Occidental liderando a lista de novas construções. No entanto, a falta de terrenos disponíveis complica ainda mais o atendimento à demanda habitacional crescente. "É necessário construir de forma abrangente para acompanhar os movimentos migratórios", conclui Xavier Vilajoana, presidente da Associação de Promotores de Cataluña. No contexto atual, cidades como Terrassa e Sabadell estão sob pressão crescente para oferecer aluguéis acessíveis, sendo que os preços médios nas cocapitales são bem mais baixos do que os de Barcelona.