Um novo avanço na pesquisa de fusão nuclear foi apresentado na Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) com o lançamento do reator Thunderbird, do tamanho de uma geladeira. Utilizando princípios eletroquímicos, este reator compacto visa facilitar o desenvolvimento de energia de fusão, uma meta que muitos cientistas acreditam estar sempre a uma década de distância.
A pesquisa, publicada na Nature, destaca como o reator opera através da ciência do plasma para fundir íons de deutério, um isótopo do hidrogênio, promovendo reações de fusão. Com a introdução de uma célula eletroquímica para produzir ions de deutério, a equipe conseguiu aumentar as taxas de fusão em 15%.
O estudo é o primeiro a demonstrar uma ligação "credível" entre a eletroquímica e a ciência da fusão, uma ideia que foi levantada e descartada há 35 anos. Curtis Berlinguette, autor sênior do estudo, destacou a importância de combinar as ciências do plasma e da eletroquímica, buscando explorar áreas desconhecidas para tornar o processo de pesquisa de fusão mais escalável.
O Thunderbird é composto por três principais componentes: um propulsor de plasma que ioniza o gás de deutério, um alvo de paládio onde os íons colidem, gerando eventos de fusão, e uma célula eletroquímica que, ao ser ativada, aumenta a densidade de combustível ao gerar mais íons de deutério. Este mecanismo não só aumenta a probabilidade de fusão, mas também resulta na liberação de nêutrons, confirmando que a fusão ocorreu.
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Embora o Thunderbird represente um avanço significativo e não dependa do trítio, um isótopo raro, Berlinguette é cauteloso quanto a reivindicar milagres energéticos. O reator foi projetado para observar reações de fusão sob uma nova perspectiva, desafiante no campo que discute a eficácia da eletroquímica em fusão, devido à controvérsia em torno da fusão a frio.
Ainda que os resultados sejam promissores, os pesquisadores Amy McKeown-Green e Jennifer Dionne, da Stanford, enfatizam que, embora este método de eletroquímica represente uma melhoria, ele não produz fusão por si só. No entanto, eles reconhecem que a abordagem do Thunderbird abre portas para investigações mais amplas sobre fusão de baixa energia utilizando reatores nucleares acessíveis.
O reator também pode ter aplicações inesperadas fora do campo da fusão. Berlinguette afirmou que as técnicas desenvolvidas podem auxiliar engenheiros que trabalham com metais supercondutores, além de potencialmente contribuir para aplicações médicas, como a desuteração de medicamentos. Essa intersecção entre diferentes áreas do conhecimento pode ser a chave para grandes inovações, afirmaram os pesquisadores.
Apesar das incertezas, o progresso feito com o Thunderbird revela o potencial de abordagens interdisciplinares em problemas antigos, e Berlinguette acredita que esses esforços colaborativos são fundamentais para alcançar grandes inovações em pesquisa científica. O sonho da fusão nuclear ainda pode estar distante, mas avanços como o do Thunderbird mostram que a pesquisa científica está em constante evolução.