O absentismo laboral nos Paradores, uma rede de hotéis espanhola, alcançou níveis históricos, colocando em evidência a crescente preocupação com as condições de trabalho. De acordo com dados recentes, a empresa registrou 123.550 dias perdidos por incapacidade temporária em 2024, um aumento significativo se comparado aos 114.536 dias em 2023, e aos 112.968 dias em 2022. Os sindicatos criticam a situação, atribuindo-a à carga excessiva de trabalho e à falta de pessoal qualificado.
Desempenho financeiro versus desafios trabalhistas
Apesar dos números alarmantes de absentismo, os Paradores têm visto um crescimento significativo em seus resultados financeiros. Com a recuperação do turismo na Espanha, a rede, que deverá completar 100 anos em 2028, registrou uma receita de 346 milhões de euros no último exercício, marcando o terceiro ano consecutivo com lucros acima de 300 milhões de euros. O lucro líquido foi de 40 milhões de euros, representando máximos históricos para a companhia.
Raquel Sánchez, presidente dos Paradores, afirmou que essa solidez financeira possibilitará um investimento sem precedentes de 250 milhões de euros para reformar sua rede hoteleira. “Vamos lançar um plano de transformação para modernizar nossas instalações e melhorar a infraestrutura”, declarou durante a apresentação do último plano estratégico.
Críticas dos sindicatos e falta de pessoal
No entanto, a realidade visível por trás do ótimo desempenho financeiro é preocupante. Os sindicatos apontam que, com o crescimento da carga de trabalho, a escassez de pessoal qualificado se torna crítica. “Não temos pessoal suficiente e muitos dos contratados não estão qualificados. Os ataques de ansiedade entre os trabalhadores estão aumentando, em parte pela pressão do trabalho”, destacou José Manuel García, representante do sindicato CSIF.
As contas da empresa revelaram que a taxa de temporariedade do emprego permanece alta, com apenas uma leve diminuição, passando de 41% em 2023 para 40% em 2024. Isso é quase o triplo da média do setor turístico, que ficou em 15,8% no segundo trimestre de 2025. As estimativas indicam que a empresa visa reduzir a temporariedade para 21,5% em 2025 com cinco novas convocações de oferta pública de emprego (OPE).
Apesar das promessas da companhia, os representantes sindicais permanecem céticos. “Entre 20% e 25% das vagas oferecidas ficam desertas, pois a estrutura das OPES não atende às necessidades da força de trabalho. A maioria dos contratos oferecidos são temporários ou de meio período, que não satisfazem as demandas atuais”, afirma García.
O cenário atual dos trabalhadores
Dos 5.206 empregados que faziam parte da rede Paradores no final de 2024, apenas 2.158 estavam contratados em regime de tempo integral. Isso significa que 59% dos trabalhadores estão ligados à empresa por meio de contratos não permanentes, colocando em evidência a incerteza que muitos enfrentam. A situação revela uma discrepância significativa entre a saúde financeira da empresa e as condições reais de trabalho para seus colaboradores.