Governo dos EUA Adquire 10% da Intel
Na última sexta-feira, o presidente Donald Trump surpreendeu a todos ao anunciar que o governo dos Estados Unidos agora possui uma participação de 10% na Intel, uma das principais fabricantes de chips do país. Essa notícia levanta questões, especialmente porque a administração anterior havia afirmado que o governo não teria um papel na governança da companhia. Em uma postagem no Truth Social, Trump afirmou: “É uma grande honra relatar que os Estados Unidos agora controlam 10% da INTEL, uma grande empresa americana com um futuro ainda mais incrível.”
A revelação não é uma grande surpresa, considerando que rumores sobre o negócio já circulavam na semana anterior. Contudo, a escolha da palavra "controle" por Trump gerou dúvidas sobre a verdadeira extensão dessa participação. O presidente continuou dizendo: "Negociei este acordo com Lip-Bu Tan, o respeitado CEO da empresa. O governo dos EUA não pagou nada por essas ações, que agora estão avaliadas em aproximadamente 11 bilhões de dólares.” Segundo Trump, esse acordo é benéfico tanto para a América quanto para a Intel, ressaltando a importância dos semicondutores para o futuro do país.
Esclarecimento do Secretário de Comércio
Durante uma entrevista na CNBC, o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, foi questionado sobre a possibilidade de o governo assumir um papel de governança na Intel. Ele insistiu que isso "não acontecerá", permitindo a impressão de que tal ideia é absurda. "Não, não, não..." repetiu Lutnick, mas uma análise mais profunda levanta questões sobre o uso de uma participação deste porte. O apresentador da CNBC, David Faber, observou que qualquer entidade com 10% de participação normalmente buscaria uma voz na gestão da empresa.
Este ponto foi reforçado quando Faber trouxe à tona o exemplo da Nippon Steel, que, ao tentar adquirir a U.S. Steel, recebeu uma "ação de ouro", que permite ao governo vetar decisões corporativas indesejadas. O impacto real que Trump poderá ter na Intel com essa nova participação ainda é incerto, principalmente com a especulação de que uma conversão de 10,86 bilhões de dólares em subsídios da era Biden para ações pode ter ocorrido, segundo o New York Times.
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Quem Realmente Negociou o Acordo?
Lutnick foi o primeiro a anunciar o acordo nas redes sociais, embora seu anúncio tenha menor impacto na percepção pública do que a declaração de Trump, que se posiciona como o líder da nação. Lutnick publicou em seu Twitter: "GRANDE NOTÍCIA: Os Estados Unidos da América agora possuem 10% da Intel, uma de nossas grandes empresas de tecnologia americana. Este acordo histórico fortalece a liderança dos EUA em semicondutores." Trump, por sua vez, contradisse a narrativa de Lutnick ao afirmar em sua postagem que foi ele quem negociou o acordo. Relatos indicam que Trump se encontrou com Tan após pedir sua renúncia devido a supostos problemas relacionados à China, mas a abordagem do presidente mudou após essa reunião.
Reações do Partido Democrata
A proposta de Trump gerou reações variadas entre os democratas. O senador Bernie Sanders se posicionou a favor do plano, afirmando que, se as empresas de microchips lucrarem com subsídios federais, os contribuintes americanos têm direito a um retorno razoável. Em contrapartida, o senador Mark Warner foi mais cauteloso, sugerindo que a participação pode ou não ser a melhor abordagem, e ressaltando a necessidade de proteger a inovação americana, evitando que tecnologias cruciais sejam transferidas para a China sem restrições.
Considerações Finais
Warner tocou em um ponto válido ao mencionar que o Congresso deve investigar potenciais conflitos de interesse ou interferências indevidas na gestão de empresas privadas. Dada a atual situação política nos EUA, onde a tensão e a divisão são palpáveis, não parece provável que medidas de controle ou equilíbrio sejam implementadas numa perspectiva próxima.